Diversas imagens de satélite que foram divulgadas na segunda-feira, 17, mostram a situação do Sudão, que está imerso desde o final de semana em conflitos entre o exército e paramilitares das Forças de Apoio Rápido (RSF).
Os combates já deixaram mais de 400 mortos e 3.500 feridos, segundo informações divulgadas pela porta-voz da Organização Mundial da Saúde (OMS), Margaret Harris, em entrevista coletiva em Genebra. Os embates ocorreram em grande parte na capital do Sudão, Cartum, onde hospitais foram atingidos.
James Elder, porta-voz do UNICEF, observou que “pelo menos 9 crianças morreram nos combates e mais de 50 ficaram feridas”. “Infelizmente, sabemos que enquanto os combates continuarem, as crianças continuarão pagando o preço”, acrescentou.
Imagens de satélite mostram aviões destruídos no aeroporto internacional e prédios queimados nas proximidades.
Conflitos
Os confrontos envolvem tropas de dois generais, que eram aliados: Abdel-Fattah Burhan, comandante das Forças Armadas, e o general Mohammed Hamdan Dagalo, chefe do grupo Forças de Apoio Rápido (RSF). Ambos orquestraram em conjunto um golpe militar que ocorreu em outubro de 2021 e agora disputam a hegemonia do poder. Nos últimos meses, organismos internacionais intermediaram um acordo entre os comandantes e partidos políticos para restabelecer a democracia sem sucesso.
O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, enfatizou em conversas com os dois generais em conflito “a urgência de alcançar um cessar-fogo”.
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O general Dagalo anunciou no Twitter que havia aprovado “um cessar-fogo de 24 horas”, mas o exército negou no Facebook, alegando que era “uma declaração da rebelião destinada a esconder sua derrota iminente”.
Os habitantes permanecem em suas casas, sem eletricidade e água encanada, e suas reservas de alimentos estão perto do fim. Os poucos mercados que estão abertos avisaram que não vão conseguir prosseguir com as atividades por muito tempo sem abastecimento.
O esgotamento ameaça os habitantes da capital. “Não dormimos há quatro dias”, disse Dallia Mohamed Abdelmoniem, de 37 anos, à AFP.
Ela afirmou que permaneceu “trancada” com sua família por medo dos constantes bombardeios e confrontos de rua que deixaram mais de 185 mortos desde sábado, segundo a ONU./AFP
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