CIUDAD JUÁREZ - Um incêndio em um centro de imigração em Ciudad Juárez, no norte do México, deixou 40 mortos. A cidade fica na fronteira com a cidade americana de El Paso, no Estado do Texas. A informação foi divulgada pelo governo do México, que responsabilizou pessoas que protestavam contra sua deportação pelo incidente.
O incêndio começou na segunda-feira à noite nas instalações do Instituto Nacional de Migrações (INM) em Ciudad Juárez, no Estado de Chihuahua, quando 68 homens estavam detidos no local após serem recolhidos nas ruas da cidade. Todos eram maiores e procedentes das Américas Central e do Sul.
“Isso teve a ver com um protesto que eles começaram quando descobriram que seriam deportados, suponho”, disse o presidente Andrés Manuel López Obrador. “Como protesto, colocaram colchões na porta do abrigo e atearam fogo. Não imaginavam que isso causaria esta tragédia”, acrescentou López Obrador, confirmando o número de mortos. Alguns feridos ficaram em estado grave.
O incêndio começou na área em que estavam alojados os estrangeiros sem documentos. A tragédia provocou a mobilização de bombeiros e de dezenas de ambulâncias.
Equipes de resgate colocaram vários corpos cobertos com mantas prateadas na área de estacionamento das instalações do INM.
Vinagly, uma venezuelana, gritava desesperadamente do lado de fora do centro de imigração, para onde seu marido de 27 anos havia sido levado após ser detido em uma batida policial. Ele foi atingido pelo incêndio, mas ela não sabia seu estado de saúde.
“Eles [funcionários da imigração] levaram-no numa ambulância. Não dizem nada. Um parente pode morrer e eles não dizem ‘ele está morto’, afirmou a mulher com a voz embargada.
Ciudad Juárez, vizinha de El Paso, Texas, é uma das cidades fronteiriças onde permanecem retidos numerosos estrangeiros que tentam entrar nos Estados Unidos.
Um relatório recente da Organização Internacional para as Migrações (OIM) indica que, desde 2014, cerca de 7.661 imigrantes morreram ou desapareceram a caminho dos Estados Unidos desde 2014 e 988 morreram em acidentes ou por viajar em condições subumanas.
O presidente dos EUA, Joe Biden, propôs em fevereiro novas restrições ao asilo para imigrantes que chegam pela fronteira com o México, e que os obrigaria a solicitá-lo nos países por onde transitam ou por meio de consultas online.
Estas medidas são anunciadas numa altura em que o Presidente democrata é acusado pela oposição republicana de ter perdido o controlo da fronteira, com mais de 4,5 milhões de pessoas interceptadas sem documentos naquela região desde que tomou posse.
De janeiro a junho de 2022 - último mês disponível - mais de 28.079 venezuelanos passaram de maneira irregular pela região de Darién. Muito acima dos 2.819 do ano anterior inteiro, e superando haitianos e cubanos que costumavam ser os maiores grupos nesta fronteira até 2021.
A situação preocupa organizações internacionais humanitárias, já que a travessia é extremamente perigosa por causa das condições terrestres da selva e da existência de grupos criminosos.
Embora os EUA sejam o desejo de grande parte dos venezuelanos que saem do país, a maioria procurava os países da própria América Latina, mesmo que de maneira provisória.
A Colômbia é o país que mais recepciona, com mais de 2,4 milhões. Em seguida vem Peru (1,3 milhão), Equador (513.000) e só então EUA (465.000). Dos mais de 6 milhões de venezuelanos deslocados no mundo, mais de 5 milhões estão na América Latina e Caribe./ EFE e AFP
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.