Incêndios no Havaí: moradores lutam para identificar corpos enquanto lidam com falta de luz e sinal

Mais de 100 pessoas morreram desde o início dos incêndios, há uma semana; na terça-feira, as primeiras duas vítimas foram identificadas, de acordo com o governo

PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação

Sobreviventes dos incêndios mortais em Maui, no Havaí, lutam contra a falta de energia e serviço de telefonia instável enquanto tentam reconstruir suas casas. Ao mesmo tempo, equipes de resgate trabalham na árdua tarefa de encontrar os mortos e identificá-los, em um momento em que o número de vítimas ultrapassa 100 pessoas.

PUBLICIDADE

Uma unidade móvel de necrotério com legistas adicionais chegou ao Havaí na terça-feira, 15, para ajudar a separar os restos mortais das 106 vítimas já contabilizadas. O governador Josh Green alertou que uma nova tempestade poderia complicar a busca e recuperação de vítimas.

Uma semana depois de um incêndio florestal quase incinerar a cidade histórica de Lahaina, a comunicação na ilha ainda era difícil. Algumas pessoas caminhavam de tempo em tempo até uma área com um paredão quebra-mar, onde as conexões telefônicas eram mais fortes, para fazer ligações. Voando baixo, um avião de pequeno porte usava um alto-falante para emitir informações sobre onde moradores poderiam obter água e suprimentos.

Imagem aérea mostra destruição causada pelos incêndios em Lahaina, na ilha de Maui, no Havaí Foto: Departamento de Terras e Recursos Naturais do Havaí/AP

Milhares de pessoas estão hospedadas em abrigos, quartos de hotéis e unidades Airbnb, ou com amigos. Cerca de 2 mil residências e empresas ainda não têm eletricidade, escreveu o condado de Maui na noite de terça-feira, depois que a empresa de energia restaurou o fornecimento para mais de 10 mil clientes. O incêndio também contaminou o abastecimento de água em muitas áreas.

Victoria Martocci, que perdeu sua empresa de mergulho e um barco, planejava viajar para sua unidade de armazenamento nesta quarta-feira, 16, para guardar documentos e lembranças dadas a ela por uma amiga cuja casa pegou fogo. “Essas são as coisas que ela agarrou, as únicas coisas que ela conseguiu pegar, e eu quero mantê-las seguras para ela”, disse.

Publicidade

O presidente Joe Biden e a primeira-dama Jill Biden pretendem visitar Maui na próxima semana e se encontrar com os sobreviventes, assim como socorristas e funcionários do governo, de acordo com o anúncio da Casa Branca nesta quarta-feira. Biden prometeu que “todos os ativos de que precisam estarão disponíveis para eles”.

O incêndio que atingiu Lahaina na semana passada destruiu quase todos os prédios da cidade de 13 mil habitantes. Esse incêndio foi 85% contido, de acordo com o condado. Outro incêndio conhecido como incêndio no Upcountry estava 75% contido na noite de terça-feira.

O incêndio em Lahaina causou cerca de US$ 3,2 bilhões em perdas de propriedades seguradas, de acordo com cálculos da Karen Clark & Company, uma importante empresa de modelagem de riscos e desastres. Isso não conta danos à propriedade não segurada. A empresa disse que mais de 2.200 edifícios foram danificados ou destruídos pelas chamas, com cerca de 3.000 danificados pelo fogo, fumaça ou ambos.

O morador de Lahaina, Kekoa Lansford, ajudou a resgatar pessoas enquanto as chamas varriam a cidade. Agora ele está coletando histórias de sobreviventes, na esperança de criar uma linha do tempo do que aconteceu. A cena era assustadora. “Horrível, horrível”, disse Lansford. “Você já viu o inferno nos filmes? Isso é o que parecia. Fogo em todos os lugares. Pessoas mortas.”

O governador afirmou que os oficiais estão considerando cortar a eletricidade durante os temporais previstos para os próximos como uma medida preventiva. A concessionária de energia local enfrentou críticas por deixar a energia ligada enquanto ventos fortes de um furacão que passava atingiram uma área ressequida na semana passada, e um vídeo mostra um cabo pendurado em um pedaço de grama carbonizado, cercado por chamas, nos primeiros momentos do incêndio florestal. A causa dos incêndios florestais, alguns dos quais ainda estão queimando, ainda está sob investigação.

Publicidade

O presidente e CEO da Hawaiian Electric Co. Inc., Shelee Kimura, disse que vários fatores estão envolvidos na decisão de cortar a luz, incluindo o impacto sobre pessoas que dependem de equipamentos médicos especializados e preocupações de que um desligamento em uma área de incêndio teria derrubado as bombas de água.

Autoridades correm com esforços para identificar corpos

Na terça-feira, o governo divulgou o nome de duas vítimas residentes de Lahaina: Robert Dyckman, de 74 anos, e Buddy Jantoc, de 79. Essas foram as primeiras pessoas a serem identificadas até o momento. Equipes com cachorros farejadores estão correndo para proteger os restos mortais, disse o governador Josh Green, antes da previsão de possíveis tempestades para o fim de semana.

“Ironicamente, eu quero a chuva, mas é por isso que estamos correndo agora para fazer toda a recuperação que pudermos, porque ventos ou chuva forte naquele cenário de desastre tornarão ainda mais difícil chegar na determinação final de quem perdemos”, disse. As equipes usando cães de cadáver vasculharam aproximadamente 30% da área incendiada, segundo os oficiais.

Pessoal do resgate conduz operações de busca de áreas danificadas pelos incêndios florestais de Maui em Lahaina, no Havaí Foto: Guarda Nacional do Exército dos EUA/Reuters

O chefe de polícia de Maui, John Pelletier, mais uma vez fez um apelo para famílias com parentes desaparecidos para que forneçam amostras de DNA. Funcionários federais enviaram uma unidade móvel de necrotério com legistas, patologistas e técnicos ao Havaí para ajudar a identificar os mortos, disse Johnathan Greene, vice-secretário adjunto do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA. A unidade do necrotério incluía 22 toneladas de suprimentos e equipamentos, como mesas de exame mortuário e unidades de raio-X, disse Greene.

Green disse ao Hawaii News Now que crianças estão entre os mortos. “Quando os corpos são menores, nós sabemos que é uma criança”, disse ele, descrevendo alguns dos locais de busca como “muito para compartilhar ou ver apenas de uma perspectiva humana”. /AP.

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.