Nova Délhi - A Índia registrou, nesta quinta-feira, 10, mais de 6.000 mortes provocadas pela covid-19, após uma revisão expressiva do balanço no estado de Bihar (nordeste) para as últimas 24 horas, o que alimenta as suspeitas de que o número de vítimas no país é muito mais grave.
De acordo com os dados do ministério da Saúde indiano, 6.148 pessoas faleceram nas últimas 24 horas, o que elevou o total de óbitos no país a quase 360.000, o terceiro maior do mundo.
Na quarta-feira, o país registrou 2.219 mortes e 92.596 contágios em 24 horas.
O estado de Bihar aumentou o número de mortos e adicionou 4.000 falecimentos, para quase 9.500 vítimas fatais, depois de revisar os registros de óbitos, segundo as autoridades.
A justiça do estado de Bihar exigiu uma auditoria dos registros após acusações de que o governo ocultava a magnitude da crise ao minimizar os casos de covid-19 e os falecimentos.
Especialistas suspeitam que os governos de outros estados também tentaram minimizar os balanços durante a segunda onda epidêmica, que atingiu a Índia com força no fim de março. O país chegou a registrar 400.000 casos e mais de 4.500 mortes por dia no fim de maio.
Como os registros são mal administrados em períodos normais, muitos especialistas consideram que o número de mortes na Índia pode ser muito superior, inclusive com mais de um milhão de mortes, o que seria o balanço mais grave do planeta.
As suspeitas são reforçadas pelo fato de que a taxa de mortalidade em outros países, como Brasil e Estados Unidos, é muito superior à registrada na Índia.
O recorde mundial anterior de mortes em 24 horas, segundo o balanço da AFP, era de 5.527 nos Estados Unidos, em 12 de fevereiro, mas este número foi consequência de uma revisão que elevou uma contagem precedente.
Colapso
O aumento expressivo de casos na Índia foi atribuído em parte ao relaxamento de medidas restritivas e à organização de eventos com grande público, como comícios eleitorais e festivais religiosos.
O governo do primeiro-ministro Narendra Modi reconheceu, no entanto, que o recrudescimento da pandemia tem uma forte correlação com a maior presença da variante mais agressiva e "duplo mutante" do vírus, conhecida como B.1.617.
Além de resultar em escassez de oxigênio e de insumos básicos para internações, o colapso no sistema de saúde levou o país a uma sucessão de acidentes hospitalares.
Diante da situação, Modi vem enfrentando pressão crescente para impor uma coordenação nacional com bloqueios severos em todo o país. Embora mantenha diálogo com líderes sanitários, governadores e com a população, Modi tem deixado para os governos estaduais a responsabilidade de combater o vírus, atitude pela qual é criticado.
Muitos especialistas médicos, líderes da oposição e alguns juízes da Suprema Corte sugeriram que os bloqueios parecem ser a única opção para frear a contaminação nas cidades e vilas, onde hospitais são obrigados a recusar pacientes por falta de leitos. / AFP
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