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Inflação na Argentina tem leve alta após meses de queda sob choque econômico de Javier Milei

Índice de Preços ao Consumidor ficou em 4,6% em junho, ligeiramente acima dos 4,2% registrados em maio. Acumulado em 12 meses é de 271,5%

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Por Redação

BUENOS AIRES - A inflação na Argentina fechou o mês de junho em 4,6%, uma leve alta que interrompe cinco meses de queda sob o choque econômico de Javier Milei. O Índice de Preços ao Consumidor acumulado em 2024 beira os 80% e passa dos 270% se considerados os últimos 12 meses.

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O “vilão” da inflação foi o setor de habitação, com o aumento nos preços de água, luz, gás, e aluguel. Uma família argentina composta por quatro pessoas precisa ter renda de 873.169 pesos, quase quatro salários mínimos, para estar acima da linha da pobreza.

Apesar da alta, o índice medido pelo Instituto Nacional de Estatísticas e Censos da Argentina (Indec) ficou abaixo de 5% por meses consecutivos: maio (4,2%) e junho, algo que não acontecia há mais de dois anos.

Os preços têm se acomodado gradualmente após a explosão inflacionária em dezembro, quando o índice chegou a 25,5% puxado pela desvalorização do peso, uma das primeiras medidas promovidas por Javier Milei.

Cartazes com preços nas ruas de Buenos Aires.  Foto: Luis Robayo/AFP

“Estamos em fase de recuperação, saímos da terapia intensiva”, disse o ministro da Economia, Luis Caputo à Rádio Mitre na quinta-feira. Ele havia antecipado que a inflação poderia ter leve alta, mas seguiria abaixo dos 5%, segundo as expectativas do governo.

O dado inflacionário vem acompanhado de um forte aumento no dólar paralelo, que serve como uma espécie de termômetro das expectativas econômicas. A cotação saltou de 1.245 para 1.500 pesos no período de um mês.

Em paralelo ao recuo da inflação mensal, o governo Javier Milei conseguiu o superávit fiscal no primeiro trimestres do ano — resultado que não se via no país há 16 anos —, com a implementação de um corte drástico no orçamento. Isso inclui a paralisação de obras públicas, dezenas de milhares de demissões, congelamento dos fundos para educação e saúde e cortes em aposentadorias e auxílios sociais.

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Ponto comercial com cartaz de "aluga-se" em Buenos Aires. Foto: Luis Robayo/AFP

Como resultado do arrocho econômico, a economia argentina entrou em recessão técnica, com contração de 5% no primeiro trimestre na comparação com o mesmo período do ano passado. O Fundo Monetário Internacional prevê que, em 2024, o PIB do país deve cair 2,8%, após ter diminuído 1,6% em 2023.

Como mostrou o Estadão, a recessão era esperada por economistas com a desvalorização do peso somada à queda no poder de compra dos argentinos. Mesmo que a inflação tenha desacelerado nos últimos meses, a taxa anual ainda é a maior do mundo e segue corroendo os salários, o que naturalmente leva a uma queda no consumo.

O próprio governo contava com a desaceleração da economia para reduzir a circulação de modas e, consequentemente, segurar a inflação. A expectativa da Casa Rosada é que, após o período recessivo, a economia argentina tenha uma recuperação em “V”.

Economistas, no entanto, questionam a sustentabilidade do plano, já que a medida também tem levado a uma queda na produção, o que arrisca paralisar a economia. Outro efeito rebote é a consequência social de ter uma população cada vez mais empobrecida./COM AFP e CAROLINA MARINS

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