Irã admite ter fornecido drones à Rússia, mas alega que foi antes da guerra na Ucrânia

Até então, o governo iraniano negava a entrega de armas e, em particular, de drones às forças russas

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Por Redação

TEERÃ - O ministro das Relações Exteriores do Irã, Hossein Amir Abdolahian, reconheceu que seu país forneceu drones para a Rússia, mas insistiu que o envio de drones ocorreu meses antes do início da guerra na Ucrânia, no final de fevereiro. Até então, o governo iraniano negava a entrega de armas e, em particular, de drones às forças russas.

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“Os drones que demos à Rússia são de meses antes da guerra na Ucrânia”, disse Abdolahian, neste sábado, 5, após uma reunião em defesa da Carta das Nações Unidas, realizada em Teerã com vice-ministros de outros países, informou a agência oficial iraniana. De acordo com Abdolahian, os laços entre o Irã e a Rússia são baseados na vizinhança e no benefício mútuo.

O diplomata iraniano também indicou que perguntou às autoridades ucranianas “se ele tem algum documento indicando que a Rússia usou drones iranianos na Ucrânia” para apresentar ao Irã. “Se for confirmado que a Rússia usou drones iranianos na guerra contra a Ucrânia, não ficaremos indiferentes a esta questão”, enfatizou Abdolahian.

Bombeiros e equipes de resgate recuperam o corpo de uma vítima dos escombros de um prédio residencial que foi danificado durante um ataque russo usando drones kamikaze no centro de Kiev. Foto: Heidi Levine/Arquivo/The Washington Post por 

O governo de Kiev relatou o uso maciço de drones ‘kamikaze’ pela Rússia para atacar a Ucrânia. Tratam-se dos drones do tipo Shahed-136, de fabricação iraniana, que as forças russas usam sob o nome ‘Geran’, de acordo com Kiev. Ainda segundo as autoridades ucranianas e ocidentais, a Rússia tem usado esses drones em uma série de ataques que causaram mortes e estragos em cidades ucranianas.

Apesar da negativa do Irã e também do Kremlin, os pedidos internacionais de responsabilização aumentaram à medida que essas recentes ofensivas mortais ajudaram a debilitar o fornecimento de eletricidade da Ucrânia em meio à chegada do inverno. Em 18 de outubro, a União Europeia sancionou três indivíduos iranianos e uma empresa responsável pelo desenvolvimento de drones kamikaze e seu fornecimento para a Rússia.

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Segundo autoridades atuais e ex-autoridades dos Estados Unidos, o Irã também teria enviado treinadores para áreas ocupadas pelos russos na Ucrânia para ajudar os combatentes russos a superar problemas com os drones. Os movimentos ressaltaram supostos laços estreitos entre Irã e Rússia, particularmente porque o Kremlin procurou compensar seu isolamento internacional desde o início da guerra.

Nas declarações oficiais recentes, o Irã manteve a narrativa de que não forneceria equipamentos militares a nenhum dos lados do conflito, mas confirmou que o acordo de drones com a Rússia fazia parte de um acordo militar anterior à invasão da Ucrânia.

Drones abatidos na Ucrânia

Imagem de vídeo de pronunciamento do presidente ucraniano, Volodmir Zelenski. Foto: Arquivo Foto: Ukrainian Presidential Press Office via AP)

O presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, reagiu às novas declarações iranianas e acusou o Irã de mentir e acrescentou que “mesmo nesta confissão, eles mentiram”, se referindo à alegação dada pelos representantes oficiais do Irã de que os drones teriam sido fornecidos somente antes da guerra.

“Abatemos pelo menos dez drones iranianos todos os dias, e o regime iraniano alega que deu pouco e mesmo antes do início da invasão em grande escala”. Na verdade, “somente durante o dia de ontem, 11 drones Shahed foram destruídos”, disse o presidente ucraniano. Ainda de acordo com Zelenski, a Ucrânia sabe “com certeza que os instrutores iranianos ensinaram os terroristas russos a usar drones, e Teerã geralmente não fala sobre isso”.

“O Irã continua a mentir sobre o óbvio, isso significa que o mundo fará ainda mais para investigar a cooperação terrorista entre os regimes russo e iraniano, e o que a Rússia paga para o Irã por tal cooperação”, reforçou Volodmir Zelenski. Ele ainda enfatizou que não haverá impunidade para “nenhum dos terroristas ou seus cúmplices”.

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O presidente finalizou a mensagem dizendo que, nas próximas semanas, espera “boas notícias” em relação ao transporte aéreo de defesa e de antimísseis da Ucrânia. “A porcentagem de demolições aumentou, mas ainda há trabalho a ser feito”, disse ele. Devemos garantir a proteção total do céu ucraniano e continuaremos a fazer todo o possível e impossível para isso.” /EFE e NYT

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