O Irã apresentou demandas aos Estados Unidos e à União Europeia para retomar as conversas sobre um possível acordo nuclear com as principais potências ocidentais. De acordo com autoridades de Washington e Bruxelas, Teerã pediu ajustes em acordo proposto pelos europeus e retirou algumas exigências que travavam as conversas com os americanos.
O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, afirmou que “a maior parte” dos integrantes do acordo aceitou as demandas iranianas - as quais não revelou - faltando apenas a resposta dos EUA. “O Irã respondeu dizendo ‘sim, mas’, ou seja, quer alguns ajustes adicionais”, disse Borrell em uma entrevista à televisão espanhola nesta terça-feira, 23.
O acordo nuclear, assinado por Irã, Alemanha e pelos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU em 2015, colapsou depois que o então presidente dos EUA, Donald Trump, retirou seu país unilateralmente em 2018. As novas negociações pretendem garantir o caráter civil do programa nuclear iraniano, acusado regularmente de querer desenvolver armas atômicas, apesar de negar. Em troca, Teerã se beneficiaria de uma suspensão parcial das sanções internacionais que pesam sobre o país.
Em coletiva de imprensa na segunda-feira, 22, Borrell disse que a resposta iraniana lhe parecia “razoável” e que por esta razão a transmitiu aos outros seis países. “A maioria deles está de acordo, mas falta a resposta dos Estados Unidos (...) e esperamos receber uma resposta durante a semana”.
O porta-voz do Departamento de Estado americano, Ned Price, afirmou, também na segunda-feira, que ainda há “questões pendentes” a resolver, mas admitiu que houve avanços. “Estamos mais perto de um acordo do que há duas semanas”, disse.
Uma fonte americana ouvida reservadamente pela agência Reuters afirmou que o Irã abriu mão de algumas das principais exigências que travavam as conversas sobre o acordo, incluindo o pedido para que observadores internacionais cancelassem algumas das fiscalizações ao programa nuclear iraniano.
“Achamos que eles finalmente cruzaram o Rubicão e avançaram para possivelmente voltar ao acordo em termos que o presidente Biden possa aceitar”, disse o funcionário. “Se estamos mais próximos hoje (de um acordo), é porque o Irã mudou. Eles cederam em questões que estavam segurando desde o início”, acrescentou./ AFP
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