THE NEW YORK TIMES - Analistas militares e de inteligência dos EUA dizem que o anúncio da Casa Branca, de que a Rússia está buscando drones do Irã para usar na guerra na Ucrânia, reflete a necessidade de Moscou de preencher uma lacuna crítica no campo de batalha e encontrar um novo fornecedor de uma tecnologia crucial.
Jake Sullivan, conselheiro de Segurança Nacional do presidente Joe Biden, deu poucos detalhes, mas outras autoridades dos EUA disseram que o Irã está pronto para fornecer até 300 drones e começará a treinar os russos já neste mês.
A Rússia esgotou a maioria de suas armas de precisão, incluindo drones, na Ucrânia. Os primeiros lotes de lançadores de foguetes múltiplos montados em caminhões americanos destruíram dezenas de depósitos de munição russos, sistemas de defesa aérea e postos de comando, tornando mais urgente a necessidade de Moscou.
O Irã fornece tecnologia de drones ao Hezbollah, no Líbano; aos rebeldes houthis, no Iêmen, que atacam Arábia Saudita e Emirados Árabes; e às milícias xiitas no Iraque, que realizam ações contra tropas americanas. “A Rússia está buscando um aliado que tem pilotado drones em ambientes complexos”, disse Samuel Bendett, especialista em drones russos do centro de pesquisa CNA.
O acordo da Rússia com o Irã ressalta a importância cada vez maior dos drones para a guerra moderna, não apenas em operações de contraterrorismo, mas também em conflitos convencionais. Em uma disputa acirrada, como na Ucrânia, onde a artilharia é decisiva, os drones desempenham um papel fundamental.
“Uma delegação russa visitou um aeródromo no Irã pelo menos duas vezes nas últimas cinco semanas para examinar drones que podem ser armados”, disse Sullivan. Os russos revisaram os drones Shahed-191 e Shahed-129, de acordo com imagens de satélite que a Casa Branca forneceu ao New York Times.
Os EUA ainda não registraram transferências de drones do Irã para a Rússia, mas autoridades e analistas americanos disseram que o acordo de Moscou com Teerã foi uma grande inversão de papel para os russos, um dos maiores fornecedores de armas do planeta.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.