LIMA - O governo Dina Boluarte, o mais impopular de toda América do Sul, foi atingido por um novo escândalo: o irmão e o advogado da presidente foram presos nesta sexta-feira, 10, acusados por corrupção. O esquema consistia, segundo o Ministério Público, em nomear funcionários públicos para receber propina e recrutar filiados para um novo partido político.
O irmão mais velho da presidente, Nicanor Boluarte Zegarra, e o advogado Mateo Castañeda estão entre os seis detidos pela operação da equipe especial de promotores de combate à corrupção. Eles são investigados por organização criminosa e tráfico de influência.
De acordo com o Ministério Público, Nicanor Boluarte Zegarra comandava o esquema que designava prefeitos e subprefeitos — autoridades que são nomeadas diretamente pela presidência como representantes a nível regional. Com isso, recebia vantagens financeiras e recrutava filiados para um novo partido político, o Cidadãos do Peru, que seria liderado por ele.
Segundo a acusação, Nicanor Boluarte tirou proveito do “poder de fato” que a irmã lhe concedeu para instrumentalizar as prefeituras e sub-prefeituras em benefício próprio.
A lista de detidos nesta sexta inclui ainda o nome de Mateo Castañeda, advogado que representa Dina Boluarte na investigação por relógios de luxo não declarados — caso que ficou conhecida como Rolexgate e abriu uma crise política no país. Ele é apontado como “operador legal” da rede de corrupção.
Para entender
O MP afirma ainda a organização criminosa foi criada imediatamente após Dina Boluarte chegar à presidência. Vice de Pedro Castillo, ela assumiu em dezembro quando ele foi destituído e preso por tentar dissolver o Parlamento e dar um golpe de Estado.
A posse foi seguida por protestos duramente reprimidos, que terminaram com 50 mortos. Boluarte é investigada pela ação das forças de segurança contra os manifestantes.
Em meio à crise política no país — que teve seis presidentes em quatro anos — Dina Boluarte aparece como presidente mais impopular da América do Sul. Ela tem aprovação de 25% dos peruanos e rejeição de 68%, segundo o levantamento da CB Consultora divulgado no mês passado./AFP
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