Vulcão: islandeses resgatam pertences enquanto rio subterrâneo de magma se move sob cidade

País está sob alerta total, embora ainda não seja possível determinar quando - e se - erupção de vulcão vai ocorrer

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Por Claire Moses

THE NEW YORK TIMES - Enquanto a população teme uma possível erupção vulcânica a qualquer momento, a Islândia está fortificando uma usina de energia que fornece eletricidade e água quente para cerca de 30 mil pessoas e continua permitindo que os moradores da cidade esvaziada de Grindavik entrem um por um para recolher pertences pessoais que ficaram para trás.

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O trabalho na usina é uma medida preventiva para proteger a infraestrutura da Islândia, e as pessoas estão trabalhando nisso 24 horas por dia, disse Jon Phor Viglundsson, porta-voz do Departamento de Proteção Civil e Gestão de Emergências da Islândia. Fortificar toda a usina levaria cerca de 30 dias, afirmou Viglundsson. Não está claro quanto da usina já foi protegida, mas “está progredindo”, acrescentou.

A usina é uma “infraestrutura massiva que precisamos proteger a todo custo”, disse Viglundsson.

Ainda sob alerta

Se haverá, e quando haverá, uma erupção vulcânica, não está claro e é difícil prever. Desde o final de outubro, dezenas de milhares de terremotos foram registrados na Península de Reykjanes, na parte sudoeste do país. Em um ponto, houve até 1.400 registros em 24 horas, e centenas a mais nos últimos dias.

Um rio subterrâneo de magma com quase 15 quilômetros de extensão está se movendo sob Grindavik, a cidade esvaziada, em direção ao oceano. Nesta semana, autoridades afirmaram que a intensidade da atividade sísmica diminuiu um pouco, mas mantiveram o alerta sobre uma possível erupção.

Rachaduras em um cruzamento na cidade de Grindavik surgiram em decorrência da atividade sísmica. Foto: AP/Bjorn Steinbekk

Até esta sexta-feira, 16, o site do Escritório Meteorológico Islandês, o serviço meteorológico do país, continuava alertando que havia uma “probabilidade significativa de uma erupção vulcânica nos próximos dias”, como tem feito nos últimos dias. “Precisamos esperar”, disse o Viglundsson. “Não há mais nada que possamos fazer”.

Evento localizado

Embora a erupção possa ser significativa, é um evento altamente localizado, dizem as autoridades. No sábado passado, as autoridades tiraram mais de 3 mil moradores de Grindavik, uma pequena cidade de pescadores a cerca de 48 quilômetros a sul de Reykjavik.

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Desde então, os residentes foram lentamente autorizados a voltar para pegar alguns dos seus pertences pessoais com a ajuda dos trabalhadores de emergência que os acompanham. “É uma área precária para se estar”, disse Viglundsson.

Moradores de Grindavik deixaram suas casas após aumentar a preocupação com uma potencial erupção.  Foto: AP/Bjorn Steinbekk

Nenhuma outra cidade foi esvaziada, e a área ao redor de Grindavik não possui fazendas ou vilarejos menores. Mas o popular spa geotérmico Lagoa Azul, perto de Reykjavik, fechou as suas portas até ao final do mês como precaução para uma possível erupção e devido às perturbações causadas pelos muitos terramotos.

A Islândia tem menos de 400 mil habitantes e cerca de 130 vulcões, a maioria deles ativos. O país está sobre duas placas tectônicas, divididas por uma cadeia de montanhas submarinas que expelem rochas quentes derretidas, ou magma. Terremotos ocorrem quando o magma se move através das placas.

Outra nuvem de cinzas?

A dúvida de muitos é se este episódio terá efeitos semelhantes aos de 2010, quando a erupção do vulcão Eyjafjallajokull causou uma grande nuvem de cinzas que perturbou as viagens aéreas na Europa.

Os cientistas estão monitorando a situação de perto, mas é difícil saber onde a erupção começaria, se e quando aconteceria. Uma possibilidade é que o vulcão entre em erupção sob o fundo do oceano, o que faria com que muitas cinzas fossem lançadas na atmosfera. Mas os cientistas disseram que as chances de isso acontecer diminuíram.

Desta vez, parece improvável que as perturbações sejam tão intensas. Na manhã de sexta-feira, não houve interrupção do tráfego aéreo e os voos que entravam e saíam do aeroporto de Reykjavik continuavam ininterruptos.

Viglundsson, o porta-voz do governo, disse que embora houvesse a possibilidade de interrupção das viagens aéreas, “não era muito provável”.

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