DAMASCO - No dia seguinte à queda do regime do ditador sírio, Bashar Assad, EUA e Israel realizaram uma série de ataque aéreos contra o país. Israel atacou locais que supostamente abrigavam armas químicas e foguetes de longo alcance na Síria para evitar que caíssem nas mãos de agentes hostis. Já os americanos bombardearam posições do Estado Islâmico no interior da Síria, por temer um ressurgimento do grupo no vácuo de poder gerado pela queda de Assad.
Rebeldes sírios chegaram a Damasco no fim de semana e derrubaram o governo do presidente Bashar Assad após quase 14 anos de guerra civil, aumentando as esperanças de um futuro mais pacífico, mas também preocupações sobre um potencial vácuo de segurança no país, que ainda está dividido entre grupos armados. Os israelenses saudaram a queda de Assad, que era um aliado-chave do Irã e do grupo militante Hezbollah do Líbano, ao mesmo tempo em que expressaram preocupação sobre o que vem a seguir.
Israel diz que suas forças tomaram temporariamente uma zona-tampão dentro da Síria que remonta a um acordo de 1974 depois que as tropas sírias se retiraram no caos. “O único interesse que temos é a segurança de Israel e seus cidadãos”, disse Gideon Saar aos repórteres na segunda-feira.
Leia também
“É por isso que atacamos sistemas de armas estratégicas, como, por exemplo, armas químicas restantes, ou mísseis e foguetes de longo alcance, para que não caiam nas mãos de extremistas.” Saar não forneceu detalhes sobre quando ou onde os ataques ocorreram.
Estado Islâmico na mira
O presidente Joe Biden anunciou que as forças americanas atingiram acampamentos e agentes do Estado Islâmico na Síria, e disse que os Estados Unidos estavam trabalhando com seus parceiros para lidar com as preocupações de que grupos extremistas pudessem capitalizar o vácuo de poder deixado pela partida de Assad para a Rússia.
“Estamos cientes do fato de que o Estado Islâmico tentará tirar proveito de qualquer vácuo para restabelecer suas capacidades e criar um porto seguro”, disse Biden, falando na Sala Roosevelt. “Não permitiremos que isso aconteça.”
A situação no terreno, no entanto, não é tão simples. Assim como o Estado Islâmico, o Hayat Tahrir al-Sham (HTS ou Organização para a Libertação do Levante, em português) também tem raízes jihadistas, uma vez que o grupo é uma dissidência da Frente al-Nusra, outro grupo ligado a Al-Qaeda que cresceu ao longo da guerra civil.
O HTS diz agora ter se moderado e ter o foco na transição pós-Assad, mas potências ocidentais ainda agem com cautela sobre o pós-Assad. O próprio Biden declarou ontem que os grupos rebeldes que derrubaram o autocrata tinham seu próprio histórico sombrio de terrorismo. “Eles estão dizendo as coisas certas agora. Mas à medida que assumirem maior responsabilidade, avaliaremos não apenas suas palavras, mas suas ações.”/AP e W.POST
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.