BEIRUTE - Israel atacou subúrbios de Beirute, capital do Líbano, pela primeira vez desde o cessar-fogo no conflito com o Hezbollah. O Exército israelense disse que respondeu ao lançamento de projéteis e que o Estado libanês tem a responsabilidade de manter o acordo.
Há relatos de uma forte explosão nos subúrbios no sul de Beirute, reduto do Hezbollah. O ataque foi o primeiro a atingir a capital libanesa desde que o cessar fogo entrou em vigor em novembro, embora os disparos na fronteira tenham continuado quase diariamente.
O Exército disse que o alvo do ataque era um depósito de drones do Hezbollah. O bombardeio atingiu a região de Dahiyeh depois que as forças israelenses emitiram o alerta urgente para que os civis deixassem partes dos subúrbios de Beirute, prometendo retaliar o lançamento de projéteis que, segundo Israel, foram lançados do Líbano.

Entre as ruínas dos prédios incendiados, os bombeiros tentavam apagar as chamas enquanto os socorristas buscavam por feridos. Na saída dos subúrbios do sul, de onde muitos moradores tentavam fugir, havia um grande engarrafamento. “Temos muito medo de que a guerra volte”, disse o taxista Mohammad, de 55 anos.
O ministro da Defesa, Israel Katz, disse que, se não houvesse paz no norte de Israel, não haveria paz em Beirute. “Estou enviando uma mensagem clara ao governo libanês: Se vocês não fizerem cumprir o acordo de cessar-fogo, nós o faremos”, declarou. Já o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu advertiu que Israel atacará “em qualquer lugar no Líbano contra qualquer ameaça”.
O Hezbollah negou ter disparado os foguetes contra o norte de Israel e acusou o governo israelense de buscar um pretexto para continuar atacando o Líbano. O presidente libanês, Joseph Aoun, disse que tudo indica que “o Hezbollah não é responsável” pelo lançamento dos foguetes e anunciou uma investigação.
Saiba mais
O Hezbollah começou a lançar foguetes, drones e mísseis contra Israel um dia após o ataque terrorista do Hamas, em 7 de outubro de 2023, que desencadeou o conflito no Oriente Médio. Quase um ano depois, em setembro, a troca de disparos na fronteira israelense com o Líbano evoluiu para uma guerra total.
Os combates deixaram mais de 4 mil mortos no Líbano e 60 mil deslocados do lado israelense. Pelo acordo de cessar-fogo, as forças de Israel deveriam ter se retirado do território libanês até janeiro. O prazo foi prorrogado até o mês passado, mas Israel permaneceu em cinco pontos no Líbano.
Apesar do cessar-fogo, Israel continua realizando ataques em território libanês e os dois lados se acusam regularmente de violar a trégua. Os ataques israelenses em outras partes do Líbano mataram três pessoas e feriram 18, incluindo mulheres e crianças, de acordo com o Ministério da Saúde local.

O presidente da França, Emmanuel Macron, classificou o ataque aéreo a Beirute como “inaceitável”. Ele disse que conversaria com presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu sobre a situação no Líbano.
A escalada ocorre enquanto Israel encerrou o cessar-fogo com o Hamas, bombardeando a Faixa de Gaza. O governo israelense prometeu intensificar a guerra até que os terroristas devolvam todos os 59 reféns — 24 deles considerados vivos. O Hamas afirma que eles só serão liberados em troca da pausa permanente nos combates e da retirada das tropas israelenses do território palestino./COM AP E AFP