Israel concordou em implementar pausas diárias de quatro horas nos combates com o grupo terrorista Hamas em áreas selecionadas do norte da Faixa de Gaza para permitir a saída de civis para a parte do sul do enclave palestino.
O anúncio foi feito pela Casa Branca nesta quinta-feira, 9, em meio a pressão do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, para que uma pausa humanitária ocorresse em Gaza.
Há alguns dias Israel vem permitindo que os civis palestinos se desloquem do norte de Gaza em direção ao sul por um longo corredor, passando pelas linhas militares israelenses, durante um período de quatro horas por dia.
“Os israelenses nos disseram que as tropas não farão operações militares nestas áreas durante a pausa e que este processo começa hoje”, afirmou John F. Kirby, porta-voz da Casa Branca, em um comunicado. Cada pausa será anunciada com três horas de antecedência, disse ele, e um segundo corredor seguro ao longo será aberto para a saída de civis.
Em uma publicação na plataforma X, as Forças de Defesa de Israel (FDI) afirmaram que as pausas diárias não significam um cessar-fogo na Faixa de Gaza. Questionado sobre o anúncio da Casa Branca, o gabinete do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu afirmou em um comunicado que Israel está permitindo a abertura de corredores de passagem seguros do norte para o sul de Gaza e que cerca de 50 mil civis palestinos seguiram esta rota na quarta-feira, 8. Netanyahu também ressaltou que os combates continuam no enclave costeiro até que os 240 reféns sejam libertados.
Saiba mais
Biden disse que pediu a Netanyahu durante uma ligação na segunda-feira, 6, que interrompesse seu ataque ao grupo terrorista Hamas.
“Pedi uma pausa de mais de três dias”, disse Biden aos repórteres na quinta-feira, antes de partir para uma viagem ao Estado americano de Illinois. Questionado se estava frustrado por Netanyahu ter demorado tanto para concordar, o presidente deu a entender alguma impaciência. “Demorou um pouco mais do que eu esperava”, disse ele. Quanto ao destino dos reféns, Biden afirmou que está otimista.
Contudo, o presidente americano não se juntou aos apelos de alguns membros do Partido Democrata, que pediram um cessar-fogo total, argumentando que Israel tem o direito de se defender após o ataque terrorista organizado pelo Hamas no dia 7 de outubro, que deixou 1.400 mortos no sul de Israel.
Reféns
O diretor da CIA, William Burns, se reuniu com representantes do governo de Israel e autoridades do Catar em Doha nesta quinta-feira, em mais uma tentativa de negociar a libertação de civis que estão sendo mantidos em cativeiro na Faixa de Gaza em troca de uma pausa mais longa na ofensiva israelense.
Burns tem viajado por todo o Oriente Médio para conversar com autoridades de inteligência e líderes políticos sobre a guerra em Gaza e uma possível soltura dos reféns. O Catar, que acolhe a liderança política do grupo terrorista Hamas em Doha, e tem mediado as conversações sobre reféns.
A ideia de Washington é negociar a libertação de 10 a 15 reféns em troca de uma pausa maior na ofensiva terrestre israelense. Alguns dos reféns libertados seriam cidadãos americanos, assim como mulheres e crianças israelenses.
O Hamas pediu uma pausa de três dias nos combates em Gaza. O diretor da CIA não se encontrou pessoalmente com representantes do grupo terrorista.
Burns teve uma reunião com David Barnea, chefe do Mossad, o serviço de inteligência israelense, e Mohammed bin Abdulrahman bin Jassim Al Thani, primeiro-ministro e ministro das Relações Exteriores do Catar. O diretor da CIA também teve reuniões separadas com o emir do Catar, o xeque Tamim bin Hamad Al Thani, e com o chefe da inteligência do país./NY Times
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