O governo israelense convocou o embaixador do Chile nesta sexta-feira, 16, um dia depois do presidente chileno, Gabriel Boric, se recusar a receber o embaixador de Israel, Gil Artzyeli, no Palácio de La Moneda. Segundo o Ministério das Relações Exteriores de Israel, a convocação é para pedir explicações e externar a insatisfação com a posição de Boric. “Israel vê com gravidade o comportamento desconcertante e sem precedentes do Chile”, disse em comunicado.
Artzyeli foi convocado para entregar suas credenciais ao presidente, mas, segundo a mídia chilena, Boric não o recebeu após ser informado do suposto assassinato de um adolescente palestino em uma operação do Exército israelense. A ministra das Relações Exteriores do Chile, Antonia Urrejola, informou a recusa ao embaixador e disse que o presidente iria remarcar a apresentação das credenciais.
Ainda nesta quinta-feira, o embaixador se reuniu com a chancelaria chilena e disse que houve um pedido de desculpas. “Pediram desculpas a minha pessoa e ao Estado de Israel repetidas vezes, e abrimos uma nova página”, declarou Artzyel.
A resposta de Israel nesta sexta-feira foi convocar o embaixador chileno em Tel-Aviv, Jorge Carvajal, para ir no domingo, 18, na sede da diplomacia israelense para uma “conversa de repreensão”. De acordo com o comunicado do Ministério das Relações Exteriores, a atitude de Boric “prejudica seriamente as relações entre os países”.
O governo chileno não emitiu até o momento nenhuma explicação oficial sobre o cancelamento da entrega das credenciais de Artzyel, mas o assunto repercutiu no país. A senadora Carmen Gloria Aravena, presidente do Grupo Parlamentar de Amizade Chile-Israel, formado por outros 14 senadores de diferentes bancadas, disse que o ocorrido “não é apenas uma afronta a um país com o qual o Chile mantém uma longa e estreita amizade, mas também põe em risco as relações bilaterais”.
Com mais de 500 mil pessoas, o Chile é o país com a maior comunidade palestina fora do mundo árabe.
Adolescente palestino morto na Cisjordânia ocupada
O adolescente morto na Cisjordânia ocupada pelo Exército israelense é Uday Salah, de 17 anos. Segundo o Ministério de Saúde da Palestina, ele foi morto com um tiro na cabeça durante uma operação das forças israelenses na localidade de Kafr Dan, perto de Jenin – centro dos confrontos armados da Cisjordânia nos últimos meses.
Segundo o exército israelense, a operação tinha o objetivo de “identificar as casas de dois terroristas” que teriam matado um soldado israelense no dia anterior, em uma troca de tiros em Jamalah, ponto de passagem entre Israel e o território ocupado da Cisjordânia. Dois outros palestinos também foram mortos. /AFP, EFE
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