Israel dispara de helicóptero em operação na Cisjordânia e deixa cinco palestinos mortos

As forças de segurança israelenses raramente utilizam poder aéreo em operações na Cisjordânia, sendo a última vez na Segunda Intifada, em um novo sinal de escalada nas tensões

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Por Redação

JENIN, CISJORDÂNIA - O Exército de Israel lançou um operação nesta segunda-feira, 19, utilizando helicóptero de combate para disparar contra o campo de refugiados de Jenin, na Cisjordânia. Segundo autoridades de saúde, ao menos cinco palestinos morreram, incluindo um menino de 15 anos, e mais de 91 pessoas ficaram feridas, incluindo 12 em estado crítico. Sete soldados israelenses também ficaram feridos, disse o Exército.

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Durante quase 10 horas de combate, as forças de segurança israelenses enfrentaram militantes palestinos com tiros, veículos blindadas e disparos de mísseis de pelo menos um helicóptero. Os militares israelenses disseram que helicópteros dispararam contra atiradores palestinos enquanto as forças de segurança tentavam extrair veículos danificados no campo.

As forças de segurança israelenses raramente utilizam poder aéreo para atingir alvos militantes palestinos na Cisjordânia.

Fumaça sobe durante os combates entre forças israelenses e militantes palestinos na cidade de Jenin, na Cisjordânia Foto: Majdi Mohammed/AP

Foi o primeiro uso de um helicóptero na Cisjordânia ocupada desde o segundo levante palestino, cerca de duas décadas atrás, informou a mídia israelense. O campo de refugiados de Jenin, por muito tempo um reduto militante, testemunhou algumas das maiores batalhas da época.

Militantes palestinos atacaram veículos militares israelenses com uma poderosa bomba de beira de estrada, desativando cinco veículos blindados, disse o porta-voz militar israelense, tenente-coronel Richard Hecht. As tropas israelenses ficaram presas dentro dos veículos por horas, disse ele, acrescentando que o Exército inundou o campo com tropas e veículos pesados para retirá-los.

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O uso de uma bomba à beira da estrada pelos militantes na Cisjordânia foi “muito incomum e dramático”, disse Hecht.

Um jornalista freelance, Hazem Nasser, vestindo um colete de imprensa claramente identificado, foi baleado no abdômen e está gravemente ferido. Ele foi baleado durante as filmagens do lado de fora de um prédio que foi incendiado, disseram seus colegas.

“Claro que havia muitos tiros e explosões, mas todos sabiam que éramos jornalistas fazendo a cobertura”, disse a também jornalista freelancer Alaa Badarneh. “De repente, estávamos cercados e o exército começou a atirar em nós.”

Os militares israelenses não responderam imediatamente a um pedido de comentário sobre os tiros aos jornalistas.

Jornalistas palestinos se protegem ao serem alvejados em um telhado durante a cobertura de um ataque israelense em Jenin, na Cisjordânia Foto: Ashraf Shaweesh/Reuters

O Ministério da Saúde palestino identificou os mortos como Khaled Asasa, 21, Qais Jabarin, 21, Ahmed Daraghmeh, 19, Ahmed Saqr, 15 anos e Qassam Abu Saria, 29. Este último era um combatente da Jihad Islâmica, anunciou o grupo islamita em um comunicado.

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Os militares israelenses disseram que sete membros da polícia paramilitar de fronteira e do Exército sofreram ferimentos leves e moderados.

Até o meio da tarde do horário local (fim da manhã no Brasil) ainda era possível ouvir disparos em Jenin. Os feridos foram levados de ambulância para o hospital Ibn Sina, observou um jornalista da AFP, onde uma multidão já se reunia do lado de fora enquanto os funerais dos mortos eram preparados.

A escalada foi a mais recente em mais de um ano de violência quase diária que atinge a Cisjordânia.

Hussein al-Sheikh, um alto funcionário palestino, acusou Israel de travar “uma guerra feroz e aberta” contra o povo palestino e disse que o presidente Mahmoud Abbas tomaria “decisões sem precedentes” em uma próxima reunião de emergência.

O Ministério das Relações Exteriores do Egito condenou o que chamou de “escalada contínua contra os palestinos” de Israel, dizendo que apenas inflamou ainda mais a situação e minou os esforços para reduzir as tensões regionais.

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Paramédicos palestinos do Crescente Vermelho retiram um jornalista ferido enquanto filmava combates entre forças israelenses e militantes palestinos na cidade de Jenin, na Cisjordânia Foto: Majdi Mohammed/AP

Israelenses e palestinos já sofrem por meses de violência, concentrada principalmente na Cisjordânia, onde centenas de palestinos foram mortos este ano. A cidade de Jenin tem sido um foco de militância palestina.

Israel capturou a Cisjordânia na guerra de 1967, junto com o leste de Jerusalém e a Faixa de Gaza. Os palestinos buscam esses territórios para um futuro Estado independente.

Israel tem realizado ataques noturnos na Cisjordânia em resposta a um espasmo de violência palestina no início do ano passado. Ataques palestinos contra israelenses aumentaram durante esse período.

Israel diz que a maioria dos mortos eram militantes, mas jovens que atiravam pedras e protestavam contra as incursões e outros que não estavam envolvidos nos confrontos também foram mortos.

Desde o início do ano, ao menos 162 palestinos, 21 israelenses, uma ucraniana e um italiano morreram no conflito israelense-palestino, de acordo com um balanço da AFP baseado nas informações divulgadas por fontes oficiais israelense e palestinas.

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Do lado palestino, os números incluem combatentes e civis, entre eles menores de idade, e do lado israelense a maioria de civis, que também incluem menores de idade, e três membros da minoria árabe./AFP e AP

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