JERUSALÉM- Israel afirmou nesta terça-feira, 17, que interromper os ataques da milícia xiita radical libanesa Hezbollah no norte do país para permitir que os moradores retornem para suas casas é agora uma meta oficial de guerra. O gabinete do primeiro-ministro do país, Binyamin Netanyahu, considera a possibilidade de uma operação militar no Líbano, que poderia desencadear um conflito regional no Oriente Médio.
Autoridades israelenses têm repetidamente ameaçado tomar medidas militares mais pesadas para interromper os ataques quase diários, que começaram logo após o início da guerra de quase um ano entre Israel e o grupo terrorista Hamas na Faixa de Gaza. Em resposta, as Forças de Defesa de Israel (FDI) tem regularmente lançado ataques aéreos no Líbano.
A declaração desta terça-feira do Gabinete de Segurança de Israel sinalizou uma postura mais dura em um momento em que os líderes israelenses intensificaram seus alertas. Mas também pareceu ser amplamente simbólica e pode não anunciar uma mudança imediata na política do governo.
Milhares de pessoas de ambos os lados da fronteira foram deslocadas por conta do conflito. O Hezbollah apontou que caso Israel e o grupo terrorista Hamas cheguem a um acordo de trégua, o grupo interromperia os ataques, mas as negociações estão emperradas.
Netanyahu ameaça demitir Gallant
Segundo a mídia israelense, Netanyahu planeja uma troca em seu gabinete e está considerado demitir o ministro da Defesa, Yoav Gallant, que vem criticando as posições do primeiro-ministro em relação aos objetivos de Israel na Faixa de Gaza. Netanyahu considera apontar o parlamentar Gideon Saar para o lugar de Gallant.
Apesar de divergencias sobre Gaza, a posição de Gallant sobre o Líbano é similar a de Netanyahu. Em uma conversa com o secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, o ministro da Defesa afirmou que o foco de Israel está mudando do enclave palestino para o norte.
O enviado dos EUA para o Líbano, Amos Hochstein, que fez várias visitas ao Líbano e Israel para tentar aliviar as tensões, se encontrou com Netanyahu na segunda-feira, 16.
Hochstein disse a Netanyahu que intensificar o conflito com o Hezbollah não ajudaria os israelenses que foram deslocados de suas casas no norte do país.
Netanyahu afirmou ao enviado americano que os moradores não podem retornar sem “uma mudança fundamental na situação de segurança no norte”, de acordo com uma declaração do gabinete do primeiro-ministro.
Hezbollah afirma que não quer guerra
O Hezbollah apontou que, embora não queira uma guerra mais ampla, está preparado para uma.
Raed Berro, um membro do bloco do Hezbollah no parlamento libanês, disse na segunda-feira que a milicia xiita libanesa “está pronta para o confronto”./AP
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