O exército israelense disse nesta terça-feira, 1º (noite de segunda-feira, 30, no horário de Brasília) que iniciou uma operação “limitada e localizada” contra alvos do Hezbollah no sul do Líbano, abrindo uma nova frente em sua guerra contra a milícia xiita radical. A última vez que Israel e o Hezbollah se envolveram em combate terrestre foi na guerra de 2006.
A ação conta com tropas do Exército por terra, além do apoio da Força Aérea com aeronaves pelo ar. O porta-voz dos militares, Avichay Adraee, enviou uma ordem a residentes de mais de 20 cidades do sul do Líbano para que saiam imediatamente de suas casas “para a sua própria segurança”.
Em um breve comunicado das Forças de Defesa de Israel (FDI) divulgado pouco antes das 02h00 (20h no Brasil), foi informado que os militares israelenses estavam atacando alvos do Hezbollah em áreas próximas à fronteira israelense e que a incursão, chamada de “Operação Flechas do Norte” havia começado “algumas horas atrás” para atingir locais que “representam uma ameaça imediata às comunidades israelenses no norte de Israel”.
Unidades da força aérea e de artilharia estavam realizando ataques em paralelo para apoiar as forças terrestres, disse Israel. “Esses alvos estão localizados em vilarejos próximos à fronteira e representam uma ameaça imediata às comunidades israelenses no norte de Israel”, afirma o comunicado.
Já o Exército libanês retirou suas tropas no sul do país, na fronteira com Israel, disse um oficial militar à agência AFP.
O Hezbollah afirmou no início da madrugada que “atacou” soldados israelenses que estavam “em movimento” perto da fronteira libanesa. Sirenes de foguetes foram tocadas em várias comunidades da fronteira norte de Israel, incluindo onde o exército israelense anunciou uma “zona militar fechada”.
Ao longo da incursão as sirenes de ataque aéreo alertando sobre o lançamento de foguetes vindos do Líbano também dispararam no centro de Israel, inclusive nos subúrbios de Tel Aviv.
O Exército israelense anunciou que estabeleceu uma “zona militar fechada” em torno dos municípios de Metula, Misgav Am e Kfar Giladi e proibiu a entrada na região. Também ordenou a retirada dos moradores de três bairros do subúrbio sul de Beirute.
O exército israelense ainda emitiu um “aviso urgente” aos moradores do sul do Líbano, pedindo que não dirigissem veículos do norte para a área ao sul do rio Litani. O exército não ordenou uma evacuação em massa da região, onde algumas comunidades já foram despovoadas pelos combates.
Leia também
Pouco depois que o exército israelense anunciou que tropas terrestres haviam entrado no sul do Líbano, um comunicado disse que aproximadamente 10 projéteis cruzaram para Israel a partir do Líbano. Israel afirmou que alguns dos projéteis foram interceptados e outros caíram em áreas abertas.
A operação ocorreu logo após ser aprovada por líderes políticos israelenses e marcou uma nova fase na guerra de Israel contra o Hezbollah. Mais cedo nesta segunda-feira, o porta-voz do Departamento de Estado americano, Matthew Miller, afirmou que Israel informou os EUA sobre incursões, que ele disse terem sido descritas como “operações limitadas focadas na infraestrutura do Hezbollah perto da fronteira”.
Ainda na segunda-feira o Secretário de Defesa Lloyd J. Austin III também conversou com o israelense, Yoav Gallant, para sinalizar o apoio dos EUA à invasão terrestre de Israel no Líbano. Os dois concordaram sobre a necessidade de destruir a “infraestrutura de ataque” do Hezbollah ao longo da fronteira, segundo uma declaração divulgada pelo Pentágono. Austin teria enfatizado a necessidade de uma resolução diplomática “o mais rápido possível”, mas reforçou que os Estados Unidos apoiam o direito de Israel de se defender.
As Forças Armadas “operam de acordo com um plano metódico estabelecido pelo Estado-Maior e pelo Comando Norte, para o qual os soldados da Defesa Civil treinaram e prepararam-se nos últimos meses”, acrescentou o exército israelense no comunicado divulgado após o início da incursão.
As tropas israelenses e os militantes do Hezbollah se enfrentaram pela última vez em solo libanês durante uma guerra de um mês em 2006. Israel e o Hezbollah têm trocado tiros quase todos os dias desde que a guerra em Gaza começou, deslocando dezenas de milhares de pessoas em Israel e no Líbano. Israel afirma que continuará atacando o Hezbollah até que seja seguro para as famílias retornarem a suas casas perto da fronteira com o Líbano.
O Hezbollah, por sua vez, prometeu continuar lançando foguetes contra Israel até que haja um cessar-fogo em Gaza. Nesta segunda-feira, a milícia xiita prometeu continuar lutando, mesmo após seu líder Hassan Nasrallah e outros altos funcionários terem sido recentemente eliminados por ataques israelenses.
No decorrer da operação, a agência de notícias estatal do Líbano manteve relatos de intensos bombardeios em partes do sul do país.
Explosões na Síria e no Iraque
Pouco depois de Israel anunciar o início da incursão terrestre no Líbano, uma série de fortes explosões foram ouvidas na capital síria, Damasco, e a agência de notícias estatal SANA relatou que as defesas aéreas haviam enfrentado ataques.
A âncora de notícias síria Safaa Ahmed foi morta pelo ataque, disse a Autoridade Geral de Rádio e Televisão da Síria em um comunicado. Ao todo, três civis foram mortos e nove feridos na Síria.
Em paralelo, três foguetes foram disparados contra uma base que abriga as forças americanas no Aeroporto Internacional de Bagdá, sem causar baixas, informaram duas fontes de segurança à AFP.
“A Base Victoria do Aeroporto de Bagdá foi atacada com três foguetes, dois dos quais foram derrubados pelas defesas especiais da base e o terceiro caiu perto do quartel do Comando de Serviço Antiterrorista”, disse uma fonte de segurança./AP, AFP e NYT.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.