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Israel e Hezbollah falam em contenção, mas há ‘portas abertas’ para mais ataques, diz especialista

Tanto Tel-Aviv quanto o grupo terrorista reivindicaram vitórias após o ataque, mas sinalizaram que não querem uma guerra regional; especialista avalia que ataque deste domingo pode ter sido apenas primeira etapa, mas que ‘por enquanto está feito’

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Por Isabel Kershner (The New York Times)
Atualização:

Durante semanas, os israelenses esperaram com receio por um grande ataque do Hezbollah em retaliação ao assassinato de Fuad Shukr em Beirute no mês passado, em meio a temores generalizados de que uma escalada pudesse se transformar em uma guerra regional. Mas grande parte da população israelense acordou neste domingo, 25, para descobrir que, pelo menos de imediato, o tão temido ataque parecia ter terminado quase antes de começar.

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Ehud Yaari, membro do grupo de pesquisa do Instituto de Política para o Oriente Médio de Washington, avalia que o Hezbollah sinalizou que esta “primeira fase” da retaliação terminou. No entanto, ele considera que pode haver “uma escalada gradual”, principalmente se o Irã der o sinal verde para novos ataques do grupo terrorista.

Neste domingo, tanto Israel quanto o Hezbollah rapidamente reivindicaram várias vitórias: Israel pelos seus ataques preventivos antes do amanhecer que fizeram com que a milícia xiita libanesa deixasse de atacar com milhares de foguetes, e o Hezbollah pelos bombardeios aéreos e drones contra o norte de Israel, que o Exército israelense afirmou ter causado poucos danos.

Foguetes lançados do sul do Líbano são interceptados pelo sistema de defesa Domo de Ferro, de Israel  Foto: Jalaa Marey/AFP

Contenção

Na hora do café da manhã, os dois lados empregavam a linguagem da contenção.

O Hezbollah anunciou que tinha completado a “primeira fase” de ataques para vingar a morte de Fuad Shukr, e parece ter encerrado os ataques por hoje. Já o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, afirmou que conversou com o secretário de Defesa dos EUA, Lloyd J. Austin, e eles “discutiram a importância de evitar a escalada regional”.

O Exército de Israel apontou que seguia atacando posições do Hezbollah no sul do Líbano. Estima-se que a organização terrorista possua milhares de foguetes e um número menor de mísseis mais sofisticados e precisos.

Residentes checam os destroços de um míssil que atingiu uma casa em Acre, Líbano Foto: Jack Guez/AFP

O Irã também deseja acertar as contas com Israel após a morte de Ismail Hanyeh, chefe do escritório político do Hamas, em Teerã, no final de julho. Israel não assumiu o assassinato, mas autoridades americanas alegam que Tel-Aviv admitiu a Washington a autoria.

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Antecipação

Com base em inteligência adquirida nos últimos dias, Israel tomou a decisão de antecipar o ataque do Hezbollah neste domingo “mas não ir além”, disse Yaari. Os alvos que Israel atingiu estavam próximos da fronteira entre Israel e Líbano, disse ele. O Exército de Israel afirmou que estava concentrado em frustrar os planos de ataque imediato do Hezbollah, e não em atacar intensamente dentro do Líbano ou destruir a infraestrutura do grupo xiita libanês.

O Hezbollah, por sua vez, parece estar “sinalizando que por enquanto está feito”, disse Yaari. “Ao mesmo tempo, dizem que esta foi a primeira fase de retaliação, deixando aberta a opção de fazer mais, se obtiverem luz verde dos iranianos”, acrescentou.

Cessar-fogo

Os acontecimentos deste domingo aumentaram a pressão em cima dos negociadores que se reúnem hoje no Cairo, capital do Egito, para tentar avançar nas negociações por um cessar-fogo na Faixa de Gaza. Estados Unidos, Egito e Catar estão liderando as conversas.

O Hezbollah e Israel trocam ataques desde outubro do ano passado, quando terroristas do Hamas invadiram o território israelense, mataram 1,2 mil pessoas e sequestraram 250. Em resposta aos ataques, as Forças de Defesa de Israel (FDI) iniciaram uma ofensiva na Faixa de Gaza que já deixou mais de 40 mil mortos, segundo o ministério da Saúde de Gaza, que não diferencia civis de terroristas e é controlado pelo Hamas.

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