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Israel enfrenta a possibilidade de sua primeira invasão terrestre de Gaza em anos

Enquanto o país se recupera do ataque do Hamas, governo do Israel enfrenta uma enorme pressão para tomar medidas drásticas para restaurar a sensação de segurança

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Por Aaron Boxerman
Atualização:

THE NEW YORK TIMES — As tropas israelenses protegeram grande parte da fronteira de Gaza depois que terroristas do Hamas mataram mais de mil de israelenses em um ataque surpresa no fim de semana. Agora, israelenses e palestinos estão antecipando algo que, há poucos dias, parecia impensável: uma invasão terrestre israelense em grande escala na Faixa de Gaza.

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Cerca de 300.000 reservistas israelenses foram mobilizados e o governo assinou uma ordem para convocar outros 60.000, informaram as autoridades israelenses. Muitos dos batalhões foram posicionados no sul de Israel e estão vasculhando a área em busca de terroristas remanescentes.

Mas enquanto Israel se recupera de um dos piores ataques de sua história — com pelo menos 900 israelenses mortos — o governo enfrenta uma enorme pressão para tomar medidas drásticas para restaurar a sensação de segurança em um país que se sente exposto e vulnerável.

A fumaça sobe de Gaza enquanto um soldado israelense reza perto da fronteira entre Israel e Gaza, em 29 de julho de 2014.  Foto: Uriel Sinai / NYT

Muitos analistas militares agora dizem que é provável que Israel envie forças para o enclave costeiro. “O governo não tem escolha política”, disse Chuck Freilich, que foi assessor adjunto de segurança nacional de Israel. “O público está muito abalado e consternado e quer ver uma mudança real na situação.”

As autoridades israelenses não disseram publicamente que ordenarão uma invasão terrestre. Mas o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, prometeu fazer com que o Hamas pague “um preço sem precedentes” e as autoridades militares disseram que todas as opções estão sobre a mesa.

“O próximo passo é avançar, partir para o ataque e atacar o Hamas”, disse o general de brigada Dan Goldfus aos repórteres na tarde de terça-feira. “Teremos que mudar a realidade dentro de Gaza para evitar que isso ocorra novamente - pelo tempo que for necessário.”

A última invasão terrestre israelense em grande escala de Gaza foi em 2014, durante uma guerra de 50 dias entre Israel e o Hamas que matou milhares de palestinos e dezenas de israelenses. Os tanques e as tropas terrestres israelenses invadiram o enclave costeiro em uma tentativa de destruir a infraestrutura do Hamas, levando a combates mortais em túneis e nas ruas densamente povoadas de Gaza.

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Israel travou várias escaramuças com membros do Hamas baseados em Gaza nos nove anos desde o fim da guerra. Mas as batalhas têm sido travadas principalmente pelo ar: Os terroristas têm disparado frequentes barragens de foguetes por todo o país, enquanto os caças e a artilharia israelenses têm atingido alvos em Gaza.

As forças armadas israelenses, por sua vez, voltaram seu foco nos últimos anos para a guerra cibernética avançada e mecanismos de defesa sofisticados. As unidades de infantaria e tanques que entrariam em Gaza no caso de uma invasão terrestre ficaram em segundo plano, disse Freilich, que também é pesquisador sênior do Institute for National Security Studies, com sede em Tel Aviv.

Uma questão é o que uma invasão terrestre poderia realizar, especialmente com cerca de 150 israelenses que se acredita estarem presos em Gaza. Durante anos, as autoridades israelenses consideraram que um enclave relativamente estável governado pelo Hamas é preferível a qualquer vácuo de poder caótico que possa surgir — um cálculo que foi abalado pelo recente ataque.

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Freilich delineou três cenários possíveis: uma incursão limitada para enfraquecer o Hamas; uma campanha prolongada para demolir suas capacidades militares; e uma tentativa de acabar com o governo do Hamas em Gaza. As duas últimas opções provavelmente significariam “meses de combates sangrentos de casa em casa” no enclave densamente povoado no território do Hamas.

“Há grandes riscos militares e há também a situação dos reféns, que restringe muito a liberdade de ação de Israel”, disse Freilich. Mas ele acrescentou: “Estamos em uma situação diferente, na qual as pessoas estarão dispostas a pagar um preço que não pagavam no passado”.

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