As Forças de Defesa de Israel (IDF) planejam uma invasão terrestre no Líbano, informaram as autoridades do país aos Estados Unidos nesta segunda-feira, 30. A operação pode começar a qualquer hora e marcaria a primeira campanha por terra de Israel no país vizinho desde 2006, com o objetivo de destruir estruturas da milícia xiita Hezbollah. Tanques estão reunidos perto da fronteira que separa os dois países. O Hezbollah disse estar pronto para o combate.
O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, escreveu na rede social X que as tropas estão prontas para entrar no país. Ele disse que o objetivo israelense é dizimar o Hezbollah para garantir o retorno dos moradores do norte de Israel, expulsos de suas casas desde o início do conflito na fronteira depois do 7 de outubro. “Juntamente com os combatentes da 188ª Brigada na fronteira norte, as forças estão prontas e preparadas para atacar o Hezbollah com força”, escreveu Gallant.
O vice-líder do Hezbollah, Naim Qassem, afirmou em um discurso gravado que Israel não cumprirá os objetivos e que seus combatentes estão prontos para uma invasão terrestre de Israel. “Enfrentaremos qualquer possibilidade e estamos prontos se os israelenses decidirem entrar por terra”, disse ele em um discurso de um local não revelado. Foi a primeira vez que Qassem falou desde a morte do líder do grupo, Hasan Nasrallah, em um bombardeio no sul de Beirute.
Oficiais e autoridades israelenses disseram que os ataques nos últimos dias ao Líbano se concentraram na coleta de informações sobre as posições do Hezbollah perto da fronteira e na identificação de túneis e infraestrutura militar da milícia, em preparação para atacá-los pelo ar ou por terra.
Em paralelo, Israel continua com uma série de ataques de longo alcance em todo o Oriente Médio contra grupos apoiados pelo Irã, incluindo o Hamas na Faixa de Gaza e os houthis no Iêmen, além do próprio Hezbollah.
O Hamas confirmou na segunda-feira que seu líder no Líbano, Fatah Sherif Abu al Amine, foi morto com sua família em um ataque aéreo a um campo de refugiados para palestinos no sul do Líbano. Os militares israelenses disseram que ele coordenou os laços do Hamas com o Hezbollah e trabalhou para fortalecer sua presença no país.
Os ataques continuam desde a noite de sexta, dia da morte de Hasan Nasrallah, o líder do Hezbollah. Após a sua morte, Israel disse que os objetivos de guerra ainda não estavam cumpridos e lançaram ataques contra dezenas de alvos da milícia no domingo, com o objetivo de destruir lançadores de foguetes e edifícios de Israel.
Nos últimos dias, mais de 20 comandantes do Hezbollah foram eliminados por Israel, além de Nasrallah. Os militares afirmam, no entanto, que os objetivos de guerra só estarão completos quando os ataques do grupo cessarem no norte de Israel. Mesmo debilitado, o Hezbollah mantém seus ataques de mísseis na fronteira.
Os ataques israelenses na última semana marcam uma escalada na guerra atual do Oriente Médio, que começou com o ataque terrorista do Hamas a Israel em 7 de outubro e resultou em cerca de 1,2 mil mortos e mais de 200 reféns. Após o ataque, Israel declarou guerra ao Hamas e invadiu a Faixa de Gaza. O Hezbollah entrou no conflito com ataques ao norte do país em solidariedade ao grupo terrorista, do qual é aliado.
Os dois grupos fazem parte do Eixo da Resistência, que reúne milícias xiitas da região em torno do Irã. O Eixo também conta com milícias no Iraque e com os houthis, no Iêmen. Os dois grupos realizaram ataques a Israel nos últimos dias, em apoio ao Hezbollah. O Irã declarou apoio aos grupos e pediu mobilização dos grupos aliados em toda a região. /AP, NYT
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