Israel lança ataque de drone em instalação iraniana, dizem autoridades dos EUA

Fontes militares de Washington ouvidas por jornais americanos ligaram o ataque ao Mossad, serviço secreto israelense

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Por Redação
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TEL AVIV ― O Mossad, serviço secreto de Israel, parece estar por trás do ataque a drone que atingiu uma instalação militar do Irã no sábado, 28, na cidade de Isfahan. A autoria do ataque não foi reivindicada pelo governo israelense, mas foi confirmada por fontes militares dos EUA ouvidas em anonimato pelo The New York Times e pelo The Wall Street Journal.

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O objetivo da instalação militar atingida e a extensão dos danos provocados pelo ataque não ficaram imediatamente claros, mas Isfahan é um conhecido centro de produção, pesquisa e desenvolvimento de armamentos, principalmente mísseis, incluindo o Shahab, de médio alcance, que tem capacidade de atingir alvos em Israel ― ou até mais distantes.

O ataque acontece em um momento em que o Irã está no centro de uma série imbróglios diplomáticos, desde a possível retomada de negociações sobre o acordo nuclear com o Ocidente às acusações de ser o principal fornecedor de parte do equipamento militar utilizado pela Rússia na Ucrânia ― os mais famosos deles, os drones kamikaze Shahed-136 e Mohajer-6. No entanto, as autoridades americanas afirmaram que o ataque de sábado foi motivado pelas preocupações de Israel com sua própria segurança, e não pelo potencial de exportação de mísseis para a Rússia.

Explosão em instalação militar iraniana foi gravada em vídeo no sábado, 28. Foto: WANA (West Asia News Agency) via Reuters

O Irã não fez nenhum esforço para esconder o fato de que o ataque havia acontecido, mas disse que poucos danos foram registrados. Em declarações, altos funcionários iranianos afirmaram que drones – aparentemente quadricópteros, uma espécie de aeronave com quatro hélices separadas – foram todos abatidos. A agência de notícias oficial do Irã, IRNA, informou que o alvo era uma fábrica de munição, e que os drones foram abatidos por um sistema de defesa terra-ar.

Isfahan é o local de quatro pequenas instalações de pesquisa nuclear, todas fornecidas pela China há muitos anos. Mas a instalação que foi atingida no sábado estava no meio da cidade e não parecia estar relacionada a energia nuclear.

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O bombardeio coincidiu com a visita do secretário de Estado americano, Antony J. Blinken, a Israel, a primeira desde que Binyamin Netanyahu voltou ao cargo de premiê. Ainda no domingo, 29, autoridades americanas rapidamente enviaram uma mensagem de que o país não era responsável pelo ataque.

O ministro das Relações Exteriores do Irã, Hossein Amir Abdollahian, disse em uma entrevista coletiva em Teerã no domingo que “um ataque covarde de drones a um local militar no centro do Irã não impedirá o progresso do Irã em seu programa nuclear pacífico”.

Este é o primeiro ataque conhecido de Israel dentro do Irã desde que Netanyahu reassumiu o cargo, e pode indicar que ele adotou a estratégia formada por seus dois predecessores e rivais políticos, Naftali Bennett e Yair Lapid, que expandiram os ataques israelenses dentro do Irã ― quando os “quadcopters” se tornaram uma marca registrada.

Em agosto de 2019, Israel enviou um quadricóptero explosivo ao coração de um bairro dominado pelo Hezbollah em Beirute, Líbano, para destruir o que as autoridades israelenses descreveram como maquinário vital para a produção de mísseis de precisão. Em junho de 2021, os mesmos equipamentos explodiram um dos principais centros de fabricação de centrífugas do Irã, que purificam urânio nas duas principais instalações de enriquecimento de urânio do país, Fordow e Natanz. Esse ataque foi em Karaj, nos arredores de Teerã. O Irã alegou que não houve danos ao local, mas imagens de satélite mostraram evidências de danos significativos.

Há um ano, seis quadricópteros explodiram em Kermanshah, a principal fábrica e local de armazenamento de drones militares do Irã. E em maio de 2022, um ataque de drone atingiu um local militar altamente sensível fora de Teerã, onde o Irã desenvolve mísseis, tecnologia nuclear e drones.

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Os alvos – incluindo a instalação militar em Isfahan, se a participação israelense for comprovada – foram escolhidos em parte para abalar a liderança iraniana, porque demonstram inteligência sobre a localização de locais-chave, mesmo aqueles escondidos no meio das cidades, mas também refletem uma mudança de estratégia em Israel durante o governo Naftali Bennett.

Secretário de Estado americano, Antony Blinken, é recebido pelo presidente de Israel, Isaac Herzog, nesta segunda-feira, 30. Foto: Menahem Kahana via AP

Depois que “o Irã tentou assassinar israelenses em Chipre, na Turquia”, diz Bennett, o comandante do Corpo de Guardas Revolucionários por trás dele “foi eliminado em Teerã”. Ele está se referindo ao assassinato de Sayad Khodayee, que Israel alegou ser o líder de uma unidade secreta responsável pelo sequestro e assassinato de israelenses e outros estrangeiros em todo o mundo.

Depois que Israel adotou a nova estratégia, Bennett disse em vídeo, que o presidente dos EUA, Joe Biden, durante uma reunião, fez um “pedido incisivo” para que Israel informasse os Estados Unidos com antecedência “sobre qualquer ação que tomarmos no Irã”, o que foi recusado pelo israelense.

Na semana passada, o diretor da Agência Central de Inteligência (CIA), William J. Burns, visitou Israel. Não se sabe se, sob Netanyahu, a indicação sobre comunicação prévia de operação aos EUA mudou./ NYT

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