Israel mira agências financeiras filiadas ao Hezbollah no Líbano

Ataques tiveram como alvo al-Qard al-Hassan, uma organização registrada como sem fins que fornece serviços financeiros à milícia

PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação

O Exército de Israel realizou uma onda de ataques aéreos ao Líbano neste domingo, 20, visando agências financeira associada ao Hezbollah. O país intensificou os seus ataques a Beirute e voltou a bombardear o norte da Faixa de Gaza neste fim de semana, apesar dos pedidos do aliado EUA para evitar uma guerra ampliada na região.

“Qualquer um que estiver perto dos locais usados para financiar a atividade terrorista do Hezbollah deve ficar longe deles imediatamente”, afirmou o porta-voz militar israelense, contra-almirante Daniel Hagari horas antes dos bombardeios.

Coluna de fumaça após um ataque aéreo israelense em Dahiyeh, subúrbio de Beirute  Foto: Hussein Malla/AP

PUBLICIDADE

O aviso foi seguido por orientações de retirada no sul de Beirute, o que levou muitos a fugirem.

Os ataques tiveram como alvo al-Qard al-Hassan, uma organização registrada como sem fins lucrativos, sancionada pelos EUA e pela Arábia Saudita, que fornece serviços financeiros e também é usada por libaneses comuns. De acordo com o militar israelense, que falou sob condição de anonimato por causa dos regulamentos do Exército, a organização serve como unidade do Hezbollah usada para pagar membros da milícia xiita e compra de armas.

A associação opera como credora e provedora de serviços financeiros para civis em muitas áreas do Líbano, onde o setor bancário tradicional está em ruínas. Muitas de suas agências estão situadas em andares térreos de edifícios residenciais.

Publicidade

Ofensiva no Líbano

Israel vem intensificando seus ataques ao Líbano desde a noite de anteontem depois de uma série de disparo de drones partindo do país em sua direção. Um deles tinha como alvo a casa do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu.

Israel aumentou os ataques em bairros do sul de Beirute conhecidos como Dahiyeh, uma área residencial lotada onde o Hezbollah tem uma forte presença. Também é o lar de muitos civis não afiliados à milícia.

No sul do Líbano, o Exército libanês disse que três soldados foram mortos em um bombardeio israelense ao seu veículo.

Os militares de Israel disseram ter atacado um centro de comando do quartel-general da inteligência da milícia xiita radical e uma oficina subterrânea de armas, matando três comandantes.

O Exército do Líbano tem se mantido em grande parte à margem da guerra. Embora seja uma instituição respeitada no país, a instituição não é poderosa o suficiente para impor sua vontade ao Hezbollah ou defender o país de uma invasão israelense.

Publicidade

O Hezbollah também continua com os ataques a áreas civis e militares em Israel. Cerca de 100 foguetes ou drones foram disparados do Líbano contra a região norte ontem. No sábado, a milícia xiita libanesa disparou cerca de 200 projeteis, segundo o Exército de Israel.

Norte de Gaza

Ao mesmo tempo, Tel-Aviv disparou contra o norte da Faixa de Gaza durante a noite de ontem, deixando ao menos 87 mortos e desaparecidos, informou o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas.

O ministério disse que outras 40 pessoas ficaram feridas nos ataques à cidade de Beit Lahiya, que estava entre os primeiros alvos da incursão terrestre de Israel há quase um ano. O Exército israelense disse que atingiu um alvo do Hamas.

Militares israelenses haviam dito anteriormente que estavam examinando o que havia acontecido e contestaram um número inicial de autoridades do Hamas que diziam que dezenas de pessoas haviam sido mortas.

Os EUA estão pedindo a Israel que pressione por um cessar-fogo em Gaza após o assassinato do líder do Hamas, Yahya Sinwar, na semana passada. Mas nem Israel nem o Hamas demonstraram interesse em tal acordo após as negociações terem fracassado em agosto.

Publicidade

O secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, apelou a Israel para reduzir os seus ataques também em Beirute e arredores, dizendo anteontem que o número de vítimas civis era muito elevado. /AP e NYT

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.