O exército israelense realizou as primeiras incursões pontuais dentro da Faixa de Gaza na tentativa de encontrar reféns e atacar terroristas do Hamas na região, informou nesta sexta-feira, 13, um porta-voz militar israelense, segundo informações da agência de notícias Efe.
Israel tem se preparado para uma grande operação militar de invasão por terra na Faixa de Gaza. Com pelo menos 1,2 mil mortos em Israel, e 2,7 mil feridos na mais letal incursão ao território israelense da história, o premiê israelense, Binyamin Netanyahu, está sob enorme pressão para mandar tropas ao enclave. Ele já respondeu com bombardeios aéreos que mataram pelo menos 1,1 mil palestinos.
No entanto, as primeiras incursões são menores e “desmantelar células e infraestruturas terroristas na área” e resgatar reféns sequestrados — não foram especificadas a quantidade nem as tropas envolvidas. Terroristas do Hamas dispararam mísseis anti-tanque em direção ao território israelense em resposta e foram atacados pela aviação de Israel.
“No último dia, o exército realizou operações na Faixa de Gaza para eliminar a ameaça de terroristas e armas na região e localizar os reféns”, disse a fonte, acrescentando que as tropas israelenses atacaram terroristas do Hamas e sua infraestrutura, e também receberam disparos de mísseis anti-tanque, enquanto os aviões de combate israelenses bombardeavam a área.
Segundo ele, os soldados “buscaram e reuniram informações” que podem ajudar nas atividades de localização de pelo menos 130 reféns capturados por terroristas no último sábado, 7, durante ataques a israelenses próximos à Gaza.
As informações sobre as incursões por terra também foram confirmadas pelo jornal Times of Israel. Segundo a publicação, as ações israelenses envolveram forças de infantaria e tanques.
Deslocamento em Gaza
A região registra o deslocamento de milhares de palestinos após as Forças Armadas de Israel ordenarem na madrugada desta sexta-feira, 13, pelo horário de Brasília, que toda a população vivendo na porção norte da Faixa de Gaza se retire da região em direção ao sul do território para “preservar vidas civis”. Ao menos 1,1 milhão de pessoas moram na área indicada.
Dezenas de milhares de pessoas fugiram até a noite de sexta-feira, segundo a agência das Nações Unidas para assuntos humanitários. Muitas pessoas fugiram com tudo o que puderam carregar em carros, em caminhões ou em carroças puxadas por burros. Mas algumas ficaram paradas, por rebeldia, falta de meios - muitas não têm carros - ou por medo de não terem permissão para voltar.
O movimento em massa é caótico e perigoso, já que é feito por apenas uma estrada, em uma das regiões mais densamente povoadas da Cidade de Gaza. O Hamas rejeitou o ultimato e pediu para que os palestinos “se mantenham firmes”.
“As Nações Unidas consideram impossível que tal movimento ocorra sem consequências humanitárias devastadoras”, disse em comunicado o porta-voz da ONU, Stéphane Dujarric. “A ONU apela veementemente para que qualquer ordem desse tipo, se confirmada, seja revogada, evitando o que poderia transformar a atual tragédia em uma situação calamitosa.”
Em uma declaração no Telegram, o grupo terrorista Hamas disse aos palestinos para não atenderem às exigências israelenses. “Israel está se concentrando na guerra psicológica para atacar nossa frente doméstica e expulsar cidadãos”, afirmou o Ministério do Interior de Gaza.
Na manhã desta sexta-feira, 13, os militares israelenses sugeriram não haver um prazo rígido para sua ordem de evacuação. “Entendemos que isso levará tempo”, disse aos repórteres o contra-almirante Daniel Hagari, porta-voz militar chefe. “Estamos analisando os números”. Ele disse que Israel estava “controlando seus ataques” a fim de proporcionar uma passagem segura para o sul, dentro do possível, mas disse: “É uma zona de guerra”.
Na sexta-feira, as Nações Unidas e os grupos de ajuda humanitária pediram que Israel retrocedesse e interrompesse o movimento em massa de pessoas que, segundo eles, temem que piore uma crise humanitária já terrível. Israel disse que seu objetivo era eliminar as capacidades militares do Hamas, que controla Gaza e organizou o amplo e mortal ataque ao sul de Israel que matou mais de 1.300 pessoas, a maioria civis.
Na sexta-feira, pelo menos 70 palestinos foram mortos e outros 200 ficaram feridos por ataques aéreos israelenses quando tentavam ir para o sul em busca de segurança, segundo o Ministério do Interior de Gaza. As autoridades palestinas afirmam que cerca de 1.900 pessoas foram mortas em Gaza na última semana e que mais de 7.600 ficaram feridas.
Preparação para entrar em Gaza
Há pouca discussão no novo governo de coalizão, que deve aprovar os planos militares, sobre a necessidade de desmantelar o Hamas — para garantir que nunca mais o grupo terrorista possa ameaçar Israel e que os responsáveis pela morte de mais de 1,3 mil civis israelitas sejam caçados, dizem as autoridades.
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Em discurso televisionado na quarta-feira, 11, Netanyahu prometeu “esmagar e destruir” o Hamas. “Todo membro do Hamas é um homem morto”, acrescentou.
A ONU revelou que 338.934 pessoas foram deslocadas na Faixa de Gaza em meio aos bombardeios israelenses. Dezenas de pessoas também estão desaparecidas ou mantidas como reféns pelo Hamas.
Perto da fronteira, já existem tropas e tanques israelitas, e o país convocou 360 mil reservistas./Efe e agências internacionais
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