TEL-AVIV - As Forças Armadas de Israel lançaram novas operações terrestres na Faixa de Gaza e recapturaram parte do Corredor Netzarim, que divide o enclave palestino entre norte e sul, um dia após os bombardeios que deixaram centenas de mortos.
Enquanto as tropas avançavam sobre o enclave, o ministro da Defesa Israel Katz, deu um “último aviso” aos palestinos, ecoando o discurso do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu de que os bombardeios foram “só o começo”.
“Os ataques da Força Aérea contra os terroristas do Hamas foram apenas o primeiro passo. As coisas se tornarão muito mais difíceis”, disse Katz, ao alertar que os moradores de Gaza “pagarão o preço”, se os reféns não forem liberados e o Hamas não for removido do enclave.

“Siga o conselho do presidente dos EUA. Devolvam os reféns e removam o Hamas, e outras opções se abrirão para vocês, incluindo a partida para outros lugares do mundo para aqueles que desejarem”, seguiu Katz.
O Exército disse que as tropas terrestres entraram em Gaza para “expandir a zona de segurança” e criar uma barreira parcial entre o norte e o sul do enclave. As Forças Armas anunciaram ainda que a Brigada Golani, unidade de elite da infantaria seria enviada ao sul de Israel e “permaneceria pronta para operações na Faixa de Gaza.”
Em meio à destruição, homens, mulheres e crianças deixavam o norte de Gaza a pé ou aglomerados em carroças. “Onde está a segurança? Para onde devemos ir?”, questionou aos prantos Ahlam Abed, palestina deslocada pelo conflito. “Estamos fartos dessa vida”.

O Hamas condenou a captura do Corredor Netzarim como uma “nova e perigosa violação” do cessar-fogo. O grupo terrorista disse que “não fechou a porta” para negociações, mas insistiu que “não há necessidades de novos acordos” e que Israel deveria ser obrigado a aplicar a trégua existente.
A primeira fase da trégua, encerrada no começo do mês, permitiu a liberação de 25 reféns e oito corpos em troca por 1,8 mil prisioneiros palestinos. Mesmo sem consenso para avançar com o acordo, o cessar-fogo foi mantido até esta semana.
O Hamas quer passar para a segunda fase, que prevê uma trégua permanente, com liberação dos reféns restantes e retirada das tropas israelenses da Faixa de Gaza. Israel, por outro lado, exige a desmilitarização de Gaza e a saída do Hamas para avançar com o acordo.
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O governo israelense culpou o Hamas por recusar as ofertas para liberação de reféns ao lançar os bombardeios que deixaram mais de 400 mortos, segundo a Defesa Civil da Faixa de Gaza. “De agora em diante, as negociações só serão conduzidas sob fogo”, declarou o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu em discurso após os ataques.
Em Jerusalém, Netanyahu foi alvo de protestos, acusado de seguir com a guerra sem levar em consideração os reféns mantidos em cativeiro pelo Hamas. Das 250 pessoas sequestradas no ataque terrorista de 7 de outubro, 59 continuam na Faixa de Gaza, mas acredita-se que apenas 24 estão vivos. “Os reféns estão em Gaza há muitos dias. O sangue está nas mãos do governo”, gritavam os manifestantes. / AFP, NY TIMES E W. POST