JERUSALÉM - Um caça F-16 de Israel caiu na manhã deste sábado, 10, no norte do país após ter sido alvo de intenso fogo antiaéreo da Síria, informaram as Forças Armadas israelenses. De acordo com Israel, antes de seu jato ter sido derrubado, um drone iraniano que invadiu o espaço aéreo israelense vindo da Síria foi abatido e apreendido. Ataques israelenses a alvos no país vizinho têm sido frequentes em meio à guerra civil síria.
Os incidentes deste sábado parecem ter sido o primeiro embate direto entre Israel e forças iranianas na região da cada vez mais volátil fronteira das Colinas de Golã – o que ameaça ocasionar uma nova escalada na multifacetada guerra síria, que já dura sete anos.
As informações iniciais sugerem que o F-16 israelense foi atingido pelo fogo antiaéreo sírio, de acordo com o tenente-coronel Jonathan Conricus, porta-voz militar de Israel, apesar de ele ter acrescentado que nada tinha sido confirmado oficialmente. Os militares de israelenses afirmaram que dois pilotos se ejetaram da aeronave derrubada, seguindo “procedimento-padrão”. Um dos pilotos ficou gravemente ferido, como resultado de “uma retirada de emergência”, afirmaram as forças de Israel.
Os israelenses declararam que realizaram um “ataque em larga escala” contra o Sistema Sírio de Defesa Antiaérea e alvos iranianos na Síria, presumivelmente em resposta à derrubada do F-16. Os militares de Israel afirmaram posteriormente que o jato tinha caído após a formação em que estava voando ter sido alvo de fogo antiaéreo disparado do solo pelos sírios.
Parece ter sido a primeira vez em décadas, provavelmente desde o começo dos anos 80, que um jato israelense foi derrubado por fogo inimigo. No passado, a Síria deu declarações falsas afirmando que derrubou aeronaves israelenses. A queda do jato representa um duro golpe no prestígio de Israel e poderia marcar uma grande mudança, após anos em que o país tem atuado contra alvos na Síria.
Os militares israelenses afirmaram em um comunicado que consideram “o ataque iraniano e a resposta síria uma violação grave e irregular à soberania israelense” – e acrescentaram que estão completamente preparados para “ações adicionais”. Após o ataque inicial nas instalações de lançamento de drones na Síria, Israel afirmou neste sábado que atacou outros 12 alvos no território sírio, incluindo 3 baterias de defesa antiaérea e 4 alvos iranianos “que são parte da instalação militar iraniana na Síria”.
O Irã e a Rússia – que têm auxiliado no apoio ao governo do presidente Bashar Assad na Síria – negaram qualquer papel na derrubada do jato israelense.
O Ministério de Relações Exteriores da Rússia afirmou que estava seriamente preocupado com os mais recentes desdobramentos do conflito na Síria e pediu comedimento a todos os lados. Moscou também declarou que era “inaceitável” colocar em risco vidas de soldados russos na Síria, de acordo com relatos da imprensa.
O Ministério de Relações Exteriores do Irã negou que o drone tenha se desviado para dentro do espaço aéreo israelense e qualificou como “ridículos” os relatos de que Israel tinha interceptado um drone lançado da Síria, segundo a TV estatal iraniana.
“Relatos sobre a derrubada de um drone iraniano que voava sobre Israel e também do envolvimento do Irã no ataque contra um jato israelense são ridículos”, afirmou Bahram Qasemi, porta-voz da chancelaria iraniana. “O Irã somente fornece aconselhamento militar à Síria”, disse o funcionário.
Oficiais do Exército sírio afirmaram que o drone realizava uma missão de rotina contra o grupo terrorista Estado Islâmico (EI) em espaço aéreo sírio. “O Comando de Aliados da Síria rejeita tais alegações, ressaltando que o drone do qual o regime sionista estava mencionando estava operando no espaço aéreo sírio. Nosso drone decolou do Aeroporto de Tifur e realizava uma missão normal anti-EI sobre a parte síria de Badiyah”, declararam os militares sírios. “Saudamos a corajosa retaliação de Damasco.”
Mais tarde na manhã deste sábado, os combates pareciam continuar. Novos ataques aéreos israelenses ocorreram no entorno da Damasco, de acordo com a imprensa estatal síria e habitantes da capital. / NYT
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