Itália decreta estado de emergência nacional em razão da alta migratória

As chegadas ao país ultrapassaram 31 mil desde o início de 2023, quase quatro vezes mais do que em 2022

PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação

ROMA - O governo da Itália, presidido pela ultradireitista Giorgia Meloni, decretou nesta terça-feira, 11, estado de emergência nacional migratória pelos próximos seis meses, após o desembarque nas costas italianas de mais de 3 mil pessoas nos últimos três dias.

PUBLICIDADE

A medida, proposta pelo ministro de Proteção Civil e Políticas Marítimas, Nello Musumeci, e com um financiamento inicial de 5 milhões de euros, será implementada em todo o território nacional devido ao aumento excepcional do fluxo de imigrantes através das rotas do Mediterrâneo.

O estado de emergência, que foi aprovado durante um Conselho de Ministros em que também foram adotadas sanções para quem vandalizar o patrimônio cultural, foi decretado na sequência de uma conversa na segunda-feira entre Musumeci e o ministro do Interior, Matteo Piantedosi.

Polícia revisa barco que chegou à costa italiana com 500 imigrantes  Foto: AP Photo/Valeria Ferraro

“Atendemos com prazer ao pedido de Piantedosi, bem conscientes da gravidade de um fenômeno que está aumentando em 300%. Sejamos claros, não estamos resolvendo o problema, cuja solução depende apenas de uma intervenção consciente e responsável da União Europeia”, destacou Musumeci.

Publicidade

A medida, que “permite a revogação de algumas regras do atual sistema, será nacional” pois “precisamos ajudar as regiões afinal há o risco de condenar o sistema ao colapso se continuar este ritmo de chegadas”, acrescentou.

Papel da Europa

Nesse mesmo sentido, o vice-primeiro-ministro da Itália, Matteo Salvini, havia advertido horas antes que seu país é “absolutamente incapaz” de lidar com “mil chegadas por dia” de imigrantes e “é crucial que a Europa desperte e intervenha”.

“Estão há anos falando, mas nunca moveram um dedo, e é hora de mostrar que existe uma comunidade, uma União, e a solidariedade não é responsabilidade apenas de Itália, Espanha, Grécia ou Malta. Porque um mil chegadas por dia somos absolutamente incapazes de sustentar econômica, cultural e socialmente”, declarou Salvini.

Mais de 3 mil imigrantes chegaram à Itália nos últimos dias de intensa atividade para a Guarda Costeira italiana, que resgatou vários barcos em perigo no Mediterrâneo Central neste final de semana.

Publicidade

Em duas operações complexas e longas, a Guarda Costeira interceptou na segunda-feira duas embarcações com 800 e 400 pessoas em águas próximas à Sicília e à Calábria, no sul do país, que se somaram às quase 2 mil pessoas que as autoridades italianas já haviam resgatado em outras operações desde sexta-feira.

“Se a Europa está aí, já que somos contribuintes líquidos de bilhões de euros por ano, é hora de mostrar, porque não podemos fazer isso sozinhos”, frisou Salvini, ressaltando que “é necessário pelo menos um centro de repatriação para cada região”.

As chegadas à Itália ultrapassaram 31 mil desde o início de 2023, quase quatro vezes mais do que as quase 8 mil em 2022, com 3.002 imigrantes nos últimos três dias e um recorde de 1.389 na última sexta-feira, 7 de abril. / EFE

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.