A geleira Marmolada, localizada na Itália e patrimônio da humanidade listado pela Unesco, deve sumir até 2040, segundo projeção de pesquisadores. Eles apontam que, desde 1888, ela recuou 1.2000 metros, com a perda de superfície nos últimos cinco anos atingindo 70 hectares, cerca de 700 mil metros quadrados.
A constatação é de um estudo divulgado na última terça-feira, 10, pela ONG ambientalista Legambiente, no Museu de Geografia da Universidade de Pádua. O estudo também conta com a colaboração do Comitê Glaciológico Italiano e do Comitê Internacional para a Proteção dos Alpes (Cipra). O relatório indica que a perda diária de espessura da montanha é de 10 centímetros. Nesse ritmo, ela vai desaparecer nos próximos 16 anos, apontam as projeções.
A geleira Marmolada é considerada a “Rainha das Dolomitas”, nome dado à cadeia de montanhas dos Alpes ao norte da Itália. Ela recebe esse nome por ser a maior entre elas. O avanço do derretimento é tamanho que atualmente é possível caminhar sobre o gelo resultante das nevascas da década de 1980, segundo os pesquisadores, vários deles cientistas de universidades italianas.
A geleira originalmente estendia-se por aproximadamente 500 hectares, cerca de 700 campos de futebol. Agora, conta com 98 hectares. Já a perda de volume foi de 94%. A espessura máxima atual é de 34 metros. Segundo o relatório, o derretimento acelerado do gelo está dando lugar a um deserto de rocha branca.
“Os Alpes são um lugar fundamental a nível nacional e europeu, mas também estão cada vez mais frágeis devido ao avanço da crise climática”, afirma Vanda Bonardo, presidente do Cipra Itália e integrante da Legambiente.
Os pesquisadores lançaram um manifesto para um uso sustentável da montanha, que alerta para a grande poluição por microplásticos e resíduos e para instalações que não funcionam mais, como a Pian dei Fiacconi, uma área usada para esquiadores, alpinistas e adeptos de outros esportes nas montanhas. Eles questionam o que será feito com o que sobrou do teleférico, fechado em 2019 e destruído por uma avalanche em 2020.
“Não só é importante saber e compreender o que se passa nas grandes altitudes, mas também quais os impactos que a crise climática está provocando nestas zonas montanhosas e quais as repercussões que está causando no vale”, afirma Giorgio Zampetti , diretor geral da Legambiente. “No entanto, o conhecimento, aliado à investigação científica, deve também ser acompanhado por políticas de adaptação e mitigação e por intervenções à escala nacional e local, envolvendo também as comunidades locais”, conclui.
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