Itamaraty avalia retirada de brasileiros do Líbano, mas identifica poucos em áreas de maior risco

Medida faz parte de planos analisados por diplomatas junto com a comunidade brasileira no Líbano; ataques aumentaram com nova fase de guerra de Israel

PUBLICIDADE

Foto do author Caio Spechoto
Atualização:

BRASÍLIA – Integrantes do Ministério das Relações Exteriores avaliam a retirada de brasileiros do Líbano após a intensificação dos ataques de Israel contra a milícia xiita Hezbollah, radicada no país, nos últimos dias. A avaliação atual, no entanto, é que há poucos brasileiros no sul do país, próximo a fronteira com Israel, onde os ataques se concentram.

PUBLICIDADE

A medida faz parte de planos analisados por diplomatas junto com a comunidade brasileira no Líbano. As duas nações têm forte ligações culturais porque o País foi um dos principais destinos da diáspora libanesa.

Nenhum país realiza operações de retirada no Líbano até o momento, e o aeroporto de Beirute está aberto, o que possibilita fugas por conta própria. Apesar disso, o receio dos diplomatas é que a situação atual se deteriore rápido depois dos novos bombardeios.

Imagem desta segunda-feira, 23, mostra fumaça sobre cidade do Líbano após ataques de Israel. Exército israelense aumenta ofensiva contra milícia xiita Hezbollah Foto: Hussein Malla/AP

Durante quase um ano, Israel combateu com o Hezbollah na fronteira num confronto com baixa intensidade. Na semana passada, no entanto, o ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, disse que o país entrou numa nova fase da guerra, o que coincidiu com o aumento de ações no território libanês e escalada do conflito. Nesta segunda-feira, um ataque aéreo israelense contra estruturas da milícia matou mais de 490 pessoas, o maior número de mortes causadas por Israel no Líbano desde 2006.

Segundo analistas, a aposta de Tel-Aviv é fazer o Hezbollah recuar dos ataques de mísseis no território israelense, que começaram após o 7 de outubro em apoio ao grupo terrorista Hamas, em guerra contra Israel na Faixa de Gaza. Na ocasião, o governo federal fez operações para retirar brasileiros da região.

Publicidade

O Hezbollah, apesar das intenções de Israel, afirma que vai continuar com a ofensiva até um cessar-fogo na Faixa de Gaza. As negociações estão paralisadas por diferenças sem solução entre Israel e o Hamas.

O presidente do Irã, Masoud Pezeshkian, acusou Israel nesta segunda-feira, 23, de buscar e preparar armadilhas para empurrar Teerã a uma guerra maior no Oriente Médio. O país é um dos principais financiadores do Hezbollah e do Hamas na região.

Em uma coletiva de imprensa em Nova York, onde está para participar da Assembleia-Geral da ONU, Pezeshkian disse que o seu governo não quer ver o conflito expandido por toda a região. “Eles estão nos arrastando a um ponto em que não queremos ir”, declarou o presidente iraniano sobre Israel. “Não há vencedor na guerra. Estamos apenas nos enganando se acreditarmos que alguém será vitorioso em uma guerra regional.”

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.