PUBLICIDADE

Japão declara lei de esterilização forçada inconstitucional

Entre 1948 e 1996, cerca de 16 mil pessoas foram esterilizadas sem consentimento

PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação

A Suprema Corte do Japão declarou, nesta quarta-feira, 3, inconstitucional a lei que permitia a esterilização forçada de milhares de pessoas no país. O tribunal também determinou que o prazo de prescrição de 20 anos não pode ser aplicado aos pedidos de indenização dessas vítimas.

Entre 1948 e 1996, cerca de 16.500 pessoas foram esterilizadas sem consentimento sob a lei agora obsoleta. O governo reconhece que a lei autorizava médicos a realizar esterilizações em pessoas com deficiências intelectuais hereditárias para “evitar a produção de descendentes de má qualidade”. Além dessas, outras 8.500 pessoas concordaram em ser esterilizadas, embora advogados afirmem que muitos desses casos foram, de fato, forçados.

A prática de esterilização foi reduzida nas décadas de 1980 e 1990, até que a lei foi finalmente revogada em 1996.  Foto: Richard A. Brooks/AFP

PUBLICIDADE

Saburo Kita, nome fictício, foi uma das vítimas que sofreu vasectomia aos 14 anos enquanto estava em uma instituição juvenil. “Passei 66 anos agonizantes devido a esta cirurgia do governo. Quero recuperar a vida que me foi roubada”, declarou Kita, agora com 81 anos, em uma conferência de imprensa no ano passado. Ele acrescentou: “Só quando o governo enfrentar suas ações e assumir a responsabilidade, poderei aceitar a minha vida, mesmo que um pouco.”

A prática foi reduzida nas décadas de 1980 e 1990, até que a lei foi finalmente revogada em 1996. Em 2018, a questão voltou aos holofotes quando uma mulher de 60 anos processou o governo por uma operação realizada quando ela tinha 15 anos. Este caso abriu caminho para outras ações judiciais semelhantes.

Em 2019, o governo japonês pediu desculpas ‘de todo o coração’ e adotou uma lei que previa uma compensação de 3,2 milhões de ienes (cerca de 19.900 dólares) para cada vítima. No entanto, os sobreviventes consideraram o montante insuficiente e continuaram a luta na justiça.

“Esperamos que esta decisão abra caminho para medidas governamentais ativas para eliminar a mentalidade eugênica que deu origem à lei”, afirmou Naoto Sekiya, advogado de Kita. /AFP.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.