A família imperial do Japão estreou no Instagram com uma enxurrada de postagens nesta segunda-feira, 1º. A medida foi encarada pelo público como uma tentativa da monarquia, que é a mais antiga do planeta, a se distanciar de sua imagem reclusa e se aproximar dos jovens.
A Agência da Casa Imperial, uma agência governamental responsável pelos assuntos da família, publicou diversas fotos e vídeos mostrando as aparições públicas do Imperador Naruhito e da Imperatriz Masako nos últimos três meses. A agência disse que pretende que o público compreenda melhor as funções oficiais da família e que o Instagram foi escolhido devido a sua popularidade entre os jovens.
A primeira foto publicada foi do casal imperial sentado em um sofá com sua filha, a princesa Aiko, de 22 anos, no Ano Novo. Outras postagens também incluíram os encontros do casal imperial com dignitários estrangeiros, incluindo o príncipe herdeiro do Brunei, Haji Al-Muhtadee Billah, e sua esposa.
Até a tarde desta segunda-feira, a conta tinha mais de 360 mil seguidores. Por enquanto, as imagens limitam-se às funções oficiais da família e não incluem momentos da vida privada. A agência disse que estava considerando adicionar atividades de outros membros da realeza.
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“Bom que pareçam estar mais próximos”
“É bom podermos ver um pouco das suas atividades porque mal sabemos o que eles estão fazendo”, disse Koki Yoneura, um estudante de 21 anos. “É bom que eles pareçam estar um pouco mais próximos de nós.”
Yukino Yoshiura, também estudante, disse que estava animada para ver mais postagens sobre a princesa Aiko. “Aiko-sama tem quase a nossa idade e acabou de se formar na universidade, então estou muito feliz em poder ver suas imagens”, disse ela enquanto chamava a princesa com o respeitoso honorífico “sama”.
No entanto, ambos disseram que não planejavam seguir a conta da família real no Instagram.
A estreia da família imperial japonesa nas redes sociais ocorre 15 anos depois que a família real britânica se juntou ao X, antigo Twitter, em 2009.
“Na verdade, eu presumi que eles já tivessem um. Então estou surpresa que estejam fazendo um só agora,” disse Daniela Kuthy, uma estudante americana. Ela disse que o conteúdo parecia “muito limpo em termos de relações públicas”, mas isso não necessariamente era algo negativo.
Atualmente, os fãs da família real pertencem em grande parte às gerações mais velhas. Os funcionários do palácio passaram a considerar usar as redes sociais para atrair mais pessoas interessadas na família e nas suas atividades. No ano passado, a agência criou um time de especialistas para estudar os efeitos da utilização das redes sociais na família imperial.
A agência tornou-se cautelosa depois que a sobrinha do imperador, Mako Komuro, e seu marido plebeu enfrentaram uma forte reação nas redes sociais e na imprensa devido às preocupações com a situação financeira de sua sogra, causando o adiamento de seu casamento. Ela também se recusou a receber um dote porque o público não celebrou plenamente a sua união.
A ex-princesa disse, na época, que sofreu traumas psicológicos por causa das críticas da mídia, inclusive online.
Especialistas dizem que as redes sociais podem ajudar a aproximar a família real do povo e dar à agência a capacidade de ter mais controle da narrativa desejada e responder à desinformação, mas permanecem preocupações sobre como a monarquia mais antiga do mundo pode ser amigável sem perder a sua nobreza ou evitar explosões.
A conta não segue ninguém, nem interage com o público. Os usuários não podem comentar as postagens, só curti-lás./Associated Press.
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