Shigeru Ishiba, ex-ministro da Defesa do Japão, venceu nesta sexta-feira, 27, a eleição interna para assumir a liderança do partido que governa o país, o Partido Liberal Democrático (PLD), e substituirá Fumio Kishida no cargo de primeiro-ministro.
Esta foi a quinta vez que Ishiba, 67 anos, disputou a liderança do partido. Na votação, ele derrotou a atual ministra da Segurança Econômica, Sanae Takaichi, que almejava ser a primeira mulher a governar o país.
Nove candidaturas, um recorde, foram registradas para a disputa interna do PLD, abalado nos últimos meses por um escândalo de financiamento irregular.
Depois de anunciar sua vitória na sede do partido em Tóquio, Ishiba agradeceu, emocionado, aos apoiadores. “Farei o máximo para acreditar nas pessoas, para falar a verdade com coragem e sinceridade e para fazer deste país um lugar seguro, no qual todos possam viver com um sorriso no rosto novamente”, afirmou em um breve discurso.
Shigeru Ishiba já havia disputado o cargo em quatro oportunidades. Em uma delas, em 2012, foi derrotado pelo nacionalista Shinzo Abe, que se tornaria o primeiro-ministro mais longevo na história do país e que foi assassinado em 2022.
Fã de maquetes militares e dos ídolos pop dos anos 1970, o político veterano já foi titular das pastas da Defesa e da Agricultura e destaca sua experiência de gestão como sua principal virtude.
Com o PLD afetado por vários escândalos, que alimentam o descontentamento da população, “a tendência é favorável a Ishiba e sua atitude de ‘justiça e equidade’”, disse Yu Uchiyama, professor de Ciências Políticas na Universidade de Tóquio, antes da votação.
O PLD governa o país de forma quase ininterrupta há várias décadas e possui ampla maioria no Parlamento, o que significa que Ishiba será eleito primeiro-ministro formalmente na próxima terça-feira.
Leia também
Ishiba, que assumirá o posto de chefe de Governo no dia 1º de outubro, terá que lidar com as ameaças à segurança regional, com uma China cada vez mais firme em sua política externa e mais próxima da Rússia, além dos frequentes testes de mísseis da Coreia do Norte. A China afirmou que espera melhorar os vínculos com o Japão, para ter uma relação “estável e saudável”.
No âmbito doméstico, ele terá a missão de estimular a economia e atenuar os efeitos para as famílias da inflação e da desvalorização do iene, que encareceu as importações.
A atual ministra da Segurança Econômica, Sanae Takaichi, que ficou em segundo lugar na disputa, era apontada como a preferida da ala mais conservadora do PLD e era próxima de Abe, cujos seguidores ainda têm grande influência na legenda. O terceiro colocado foi o ex-ministro do Meio Ambiente Shinjiro Koizumi, praticante de surfe e filho do ex-premiê Junichiro Koizumui.
Os líderes do PLD permanecem no cargo por três anos e podem exercer até três mandatos consecutivos. O atual primeiro-ministro, o impopular Fumio Kishida, não disputou a reeleição.
Durante seu mandato, Kishida adotou medidas para dobrar o gasto na área de Defesa, abrindo a porta para as exportações militares. O PLD almeja reformar a Constituição, pacifista, redigida após a Segunda Guerra Mundial.
Kishida também recebeu o presidente ucraniano Volodimir Zelensky na reunião de cúpula do G7 em Hiroshima e reforçou os laços do país com a Coreia do Sul. Mas seu mandato foi marcado por escândalos, pela irritação dos eleitores com o aumento dos preços e sua crescente impopularidade nas pesquisas. / AFP
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.