Jubileu de Platina de Elizabeth II: relembre os fatos marcantes da rainha no trono britânico

Reino Unido celebra esta semana os 70 anos da rainha Elizabeth II no trono, única a alcançar essa marca

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Por Frank Hulley-Jones, Ruby Mellen, Adela Suliman e Sarah Hashemi

THE WASHINGTON POST - Monarca desde os 25 anos, ela foi servida por 14 primeiros-ministros britânicos e se reuniu com 13 presidentes dos EUA. Ela testemunhou o encolhimento do Império Britânico e a ascensão da globalização. Ela foi a âncora do país nos momentos de incerteza – e dos dramas da própria família real.

Enquanto o Reino Unido celebra esta semana os 70 anos da rainha Elizabeth II no trono, relembre alguns dos momentos mais importantes de seu longo reinado e vida.

1947

ELIZABETH DEDICA SUA VIDA AO SERVIÇO PÚBLICO

A princesa Elizabeth estava em turnê pela África do Sul, parte do Império Britânico na época, quando completou 21 anos e fez um de seus primeiros discursos públicos. “Declaro diante de todos vocês que toda a minha vida, seja longa ou curta, será dedicada ao seu serviço e ao serviço de nossa grande família imperial, à qual todos pertencemos”, disse ela em um discurso transmitido pela rádio da Cidade do Cabo.

Elizabeth aos 20 anos, em 1947, durante uma viagem à África do Sul. Imagem retirada do documentário 'Elizabeth: The Unseen Queen'. Foto: The Royal Collection via BBC Studios via AP

1953

COROAÇÃO

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O caminho de Elizabeth para o trono foi acelerado pela abdicação de seu tio e pela morte prematura de seu pai, o rei George VI. Ela se tornou rainha em fevereiro de 1952, aos 25 anos, e tinha 27 anos na época de sua coroação oficial, em junho de 1953.

O evento foi televisionado pela primeira vez – uma decisão encorajada por seu marido, Philip, que catapultou a família real para as casas das pessoas nas próximas décadas. Milhões no Reino Unido e em todo o mundo assistiram à transmissão da BBC da Abadia de Westminster.

“Embora minha experiência seja tão curta e minha tarefa tão nova, tenho em meus pais e avós um exemplo que posso seguir com certeza e confiança”, disse Elizabeth, dirigindo-se à nação naquela noite. “Agradeço a todos de coração.”

Elizabeth acena aos súditos da sacada do Palácio de Buckingham após sua coroação, em 2 de junho de 1953, ao lado do príncipe Philip.  Foto: AP

1957

PRIMEIRA VISITA DE ESTADO À AMÉRICA

Rainha da era do jet set, Elizabeth fez mais de 90 visitas de estado, além de viajar amplamente pela Comunidade Britânica. Ao projetar o simbolismo da coroa, ela ajudou a fortalecer os laços com aliados e suavizar relacionamentos tensos em lugares como Índia, Rússia, África do Sul e Irlanda.

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Elizabeth visitou o presidente Harry Truman em 1951 quando ela era princesa, mas fez sua primeira visita de Estado aos Estados Unidos como rainha em 1957, encontrando-se com o presidente Dwight D. Eisenhower para marcar o 350º aniversário do primeiro assentamento inglês permanente em Jamestown, no Estado da Virgínia.

Elizabeth e o presidente americano, Dwight Eisenhower, encontram-se em terminal do aeroporto de Washington, em outubro de 1957. Foto: Museu Nacional da Marinha/ Departamento de Defesa dos EUA/ Handout via Reuters

1957

PRIMEIRA TRANSMISSÃO DE NATAL NA TELEVISÃO

A rainha Elizabeth II nunca deu uma entrevista, mas ela encontrou maneiras de se conectar com seus súditos. Seu discurso anual de Natal tornou-se uma parte central das tradições de festas britânicas.

Como chefe de Estado e chefe da Igreja da Inglaterra, ela misturou palavras de sabedoria, fé e ocasionalmente reflexões pessoais.

“Não posso conduzi-los à batalha, não lhes dou leis nem administro a justiça, mas posso fazer outra coisa, posso dar-lhes meu coração e minha devoção a essas velhas ilhas e a todos os povos de nossa irmandade de nações”, disse ela em seus primeiros comentários de Natal na televisão em 1957.

Elizabeth discursa na ONU em 21 de outubro de 1957. Foto: ONU via The New York Times

1965

BEATLEMANIA CHEGA AO PALÁCIO DE BUCKINGHAM

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Entre os momentos culturais notáveis da segunda era elisabetana foi a visita dos Beatles ao Palácio de Buckingham, em Londres, em 26 de outubro de 1965. Milhares de fãs passaram por policiais e subiram nos portões do palácio e postes quando John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr chegaram para conhecer a rainha.

Vestindo um vestido dourado claro, ela concedeu medalhas de honra aos ícones da cultura pop britânica. “Ela foi muito amigável”, disse McCartney após a reunião. “Ela era como uma mãe para nós.” Quatro anos depois, Lennon devolveria sua medalha, em protesto ao apoio do Reino Unido à guerra dos EUA no Vietnã e seu envolvimento na Guerra Civil da Nigéria.

Ringo Starr fuma charuto e faz sinal de 'paz e amor' em frente a Downing Street, em 1965. Foto: Terry O'Neill/Hulton Archive/Getty Images

1966

DESASTRE NA MINA ABERFAN

O reinado de Elizabeth também foi marcado por momentos de devastação nacional. Em 21 de outubro de 1966, uma avalanche de detritos de carvão que se soltaram de uma montanha encharcada de chuva invadiu a cidade galesa de Aberfan, matando 144 pessoas, a maioria crianças na escola.

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Enquanto a nação lamentava a tragédia, Elizabeth atraiu críticas por esperar oito dias antes de visitar o local do desastre, uma decisão que ela diz se arrepender.

Criança no local onde mina desmoronou sobre casas e uma escola, em Aberfan, matando 144 crianças e adultos. Foto: Arthur Edward/ REUTERS

1969

VISITA DOS ASTRONAUTAS DA APOLLO 11

A exploração espacial está entre os avanços científicos e tecnológicos durante o reinado de Elizabeth. Depois de se tornarem as primeiras pessoas a pousar na Lua, os americanos Neil Armstrong, Michael Collins e Buzz Aldrin fizeram uma turnê global de boa vontade, parando no Palácio de Buckingham em 14 de outubro de 1969.

Armstrong mais tarde revelou que estava tão doente naquele dia que considerou não ir ao evento; em vez disso, ele foi e acabou tossindo na rainha. Collins, enquanto por sua vez, quase caiu da escada tentando não virar as costas para Elizabeth, disse Aldrin em um tuíte de 2016.

Neil Armstrong, Michael Collins e Buzz Aldrin, tripulantes da missão Apollo 11, em foto de maio de 1969. Foto: NASA via The New York Times

1970

O PRIMEIRO PASSEIO REAL

A rainha Elizabeth II quebrou séculos de tradição quando, em vez de acenar de longe, ela cumprimentou as pessoas de perto em uma turnê real pela Austrália e Nova Zelândia em 1970. Usando um vestido amarelo-limão, com sua tradicional combinação de bolsa e chapéu, ela caminhou pelas ruas de Sydney sorrindo e falando para espectadores encantados.

Desde então, o “walkabout” tornou-se uma prática regular para muitos membros da família real.

Elizabeth durante 'walkabout' em Lahore, Paquistão, em 1997; rainha criou tradição de andar e cumprimentar de perto o povo em 1970. Foto: Dylan Martinez via REUTERS

1981

O CASAMENTO DE CHARLES E DIANA

Um dos períodos mais difíceis da vida familiar da rainha começou com o casamento de conto de fadas de seu filho mais velho e herdeiro, o príncipe Charles, com Diana Spencer em 29 de julho de 1981. Até 1 milhão de pessoas procuravam ver a procissão no centro de Londres, enquanto a BBC estimou que 750 milhões de pessoas em todo o mundo assistiram na televisão.

Embora Diana fosse amada como “a princesa do povo”, o casal teve um casamento conturbado, com acusações mútuas de infidelidade. Eles se separaram em 1992 – um ano que a rainha chamou de “annus horribilis” (“um ano desastroso” em latim), pois também envolveu a separação de seu filho Andrew, o divórcio de sua filha Anne e um incêndio no Castelo de Windsor.

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Elizabeth aparece na sacada do Palácio de Buckingham após o casamento do príncipe Charles e da princesa Diana, em 29 de julho de 1981. Foto: AP

1986

PRIMEIRO MONARCA BRITÂNICO A VISITAR A CHINA

O presidente Richard Nixon tinha ido antes dela. A primeira-ministra britânica Margaret Thatcher também. Mas em outubro de 1986, Elizabeth se tornou a primeira monarca britânica a visitar a China. A viagem foi vista como uma parte importante do esforço diplomático do Reino Unido, enquanto se preparava para devolver Hong Kong ao controle chinês. A rainha viu a Grande Muralha e os guerreiros de terracota recém-desenterrados. E, ao contrário de Thatcher, ela permaneceu inalterável quando o líder chinês Deng Xiaoping cuspiu em uma escarradeira ao lado de seu assento.

Então presidente da China, Xi Jinping cumprimenta Elizabeth durante visita oficial a Londres, em 2015; rainha foi primeira monarca britânica a viajar à China, em 1986. Foto: Chris Jackson/ REUTERS

1996

HOSPEDANDO NELSON MANDELA

O presidente sul-africano Nelson Mandela chegou ao Reino Unido em julho de 1996 para uma visita de Estado de quatro dias ao ex-colonizador de seu país. Dirigindo-se aos membros do Parlamento, ele denunciou o racismo como “uma praga na consciência humana”.

Naquela viagem, Mandela e a rainha desenvolveram um carinho duradouro um pelo outro. Ela o hospedou no Palácio de Buckingham e o levou em um passeio de carruagem pelo centro de Londres. Em uma festa no Royal Albert Hall, Mandela colocou a rainha de pé, embora ela “raramente seja conhecida por dançar em público”, informou o Daily Telegraph.

Elizabeth e Nelson Mandela durante passeio de carruagem nos arredores do Palácio de Buckingham, em 9 de julho de 1996. Foto: REUTERS

1997

A MORTE DE DIANA

Milhões ainda se lembram exatamente onde estavam em 1997, quando souberam da morte da princesa Diana em um acidente de carro em Paris. O momento chocou o mundo e colocou intenso escrutínio público sobre a família real britânica.

A rainha enfrentou críticas por uma resposta lenta. Dias depois, ela falou com a nação ao vivo do Palácio de Buckingham e disse: “Ninguém que conheceu Diana a esquecerá. Milhões de outras pessoas que nunca a conheceram, mas sentiram que a conheciam, vão se lembrar dela.” Ela acrescentou: “Todos nós temos tentado em nossas diferentes maneiras lidar com isso”.

Elizabeth e Philip caminham entre flores depositadas em frente ao Palácio de Buckingham em homenagem a princesa Diana, em 5 de setembro de 1997. Foto: Ian Waldie/ REUTERS

2007

50º ANIVERSÁRIO DA PRIMEIRA TRANSMISSÃO DE NATAL NA TELEVISÃO

Em 2007, a rainha marcou 50 anos de sua transmissão de Natal com um toque moderno: ela postou o discurso no YouTube.

“Uma das características do envelhecimento é a maior consciência da mudança”, disse ela. “Recordar o que aconteceu há 50 anos significa que é possível apreciar o que mudou nesse meio tempo; também faz você saber o que permaneceu constante”, como família, acrescentou o monarca.

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Elizabeth posa para foto no Palácio de Buckingham para gravar seu discurso de Natal, 50 anos após primeira transmissão. Foto: Steve Parsons/ Pool/ REUTERS

2012

OLIMPÍADAS DE LONDRES

A famosa e séria rainha surpreendeu o público nos Jogos Olímpicos de Londres 2012 ao aparecer em um dramático segmento de abertura ao lado do espião mais famoso do Reino Unido, James Bond, interpretado pelo ator Daniel Craig.

Um vídeo mostrou 007 chegando ao palácio para escoltar a monarca para a cerimônia de abertura, com os dois aparecendo de paraquedas de um helicóptero no Estádio Olímpico em meio a aplausos selvagens de fãs assustados. A verdadeira rainha, impassível como sempre, entrou em seu camarote com um aceno familiar, mas atrevido.

Elizabeth é aplaudida durante cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012. Foto: Kai Pfaffenbach/ REUTERS

2020

DESERÇÃO DE HARRY E MEGHAN

O casamento do príncipe Harry com a atriz americana Meghan Markle em 2018 foi um evento global – e levantou questões sobre se uma feminista birracial, politicamente ativa e autoproclamada poderia ajudar a modernizar a monarquia britânica.

Mas em 2020, Harry e Meghan anunciaram que se sentiam perseguidos pela mídia e se afastariam de seus deveres reais. A rainha negociou sua saída da empresa da família, escrevendo em um comunicado: “Embora tenhamos preferido que eles continuassem trabalhando em tempo integral como membros da família real, respeitamos e entendemos seu desejo de viver uma vida mais independente como família enquanto permanecendo uma parte valiosa da minha família.”

Elizabeth, Harry e Meghan aparecem juntos no Palácio de Buckingham para observar sobrevoo da Real Força Aérea britânica, em 10 de julho de 2018. Foto: Matt Dunham/ AP

2021

A MORTE DO PRÍNCIPE PHILIP

Elizabeth estava casada com Philip por 73 anos quando o Palácio de Buckingham anunciou sua morte em 9 de abril de 2021. Seu funeral, em meio à pandemia de coronavírus, contou com a presença apenas de parentes e amigos próximos. A rainha foi vista sentada sozinha em um banco, usando uma máscara preta, seguindo as restrições nacionais.

Elizabeth e Philip caminham juntos em Broadlands, em 2007. Foto: Fiona Hanson/ REUTERS

Elizabeth, a quem Philip carinhosamente chamava de Lilibet, o descreveu como sua “força e constância”. Em sua mensagem de Natal daquele ano, ela lembrou que seu “brilho malicioso e inquisitivo era tão brilhante no final quanto quando eu o vi pela primeira vez”. Então ela acrescentou: “Mas a vida, é claro, consiste em despedidas finais, bem como em primeiros encontros”.

Elizabeth durante o funeral de Philip, na Capela de São Jorge, em 2021. Foto: Yui Mok via AP

2022

PLATINA DE JUBILEU

Desfiles, festas e um feriado nesta semana marcarão o Jubileu de Platina da rainha, que celebra Elizabeth como a primeira e única monarca britânica a chegar aos 70 anos no trono.

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Bandeiras da União e decorações já adornam os principais monumentos de Londres e cidades de todo o país - uma amostra da pompa e celebração que acontecerá de quinta a domingo, enquanto o Reino Unido reflete sobre a longa vida e o reinado de Elizabeth II.

Jubileu de Platina será marcado por desfiles, festas e um feriado nesta semana. Foto: Daniel Leal/ AFP
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