WASHINGTON - Christine Blasey Ford, a mulher que acusa o juiz Brett Kavanaugh de assédio sexual, veio a público neste domingo (16) e deu detalhes do caso ao jornal Washington Post. Segundo ela, há mais de 30 anos o juiz, então um aluno do Ensino Médio, a prendeu na cama, a apalpou e cobriu sua boca para que não gritasse. O magistrado foi indicado pelo presidente Donald Trump para uma vaga na Suprema Corte e tem de ser aprovado pelo Senado.
“Pensei que ele ia me matar acidentalmente”, disse Christine, hoje uma psicóloga da Universidade de Palo Alto, na Califórnia. “Ele tentou me atacar e tirar minhas roupas.”
Kavanaugh, hoje juiz de uma Corte de Apelações do Distrito de Colúmbia, nega as acusações. “Eu rechaço categoricamente essas alegações”, disse o juiz em nota divulgada antes que sua acusadora viesse a público. “Não fiz nada de errado enquanto estava no colegial nem depois disso.”
Na sexta-feira, quando os rumores sobre um caso de assédio começaram a circular na imprensa americana, sem que a identidade da mulher envolvida fosse revelada, a Casa Branca divulgou um comunicado no qual 65 mulheres que estudaram com Kavanaugh no colegial atestavam sua idoneidade.
Agora, a decisão de Christine de vir a público, após relutar por semanas, aumentou a pressão de parlamentares do Partido Democrata para adiar a audiência de confirmação do juiz no Senado. O juiz pode substituir o magistrado Anthony Kennedy, que decidiu se aposentar, e manter a atual configuração conservadora da Corte. Os republicanos, no entanto, querem manter a audiência na quinta-feira.
Até recentemente, a confirmação de Kavanaugh era vista como uma mera formalidade. Não está claro ainda, segundo fontes do Congresso, o quanto as declarações de Christine podem alterar esse cenário.
Ao Post Christine disse que, em uma noite de verão no começo dos anos 80, Kavanaugh e um amigo, ambos extremamente bêbados, levaram-na para um quarto em uma festa. O futuro juiz então tentou tirar o shorts e o biquíni que Christine usava, segundo o relato dela. Quando um amigo de Kavanaugh pulou sobre a cama, ela conseguiu fugir e se trancar num banheiro para, pouco depois, deixar a casa.
“Esse trauma me tirou substancialmente do prumo por quatro ou cinco anos”, disse Christine. Segundo ela, o caso também provocou crises de ansiedade. Segundo o jornal, Ford é filiada ao Partido Democrata e já fez pequenas doações para organizações políticas. / W. POST
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