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Juíza encerra caso que acusava Trump de se apropriar de documentos sigilosos dos EUA

Aileen Cannon, indicada ao cargo de juíza federal pelo ex-presidente, concordou com a defesa de que a nomeação do procurador Jack Smith violava a Constituição; Smith pode recorrer

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Por Redação

WASHINGTON - A juíza federal Aileen Cannon rejeitou nesta segunda-feira, 15, integralmente o caso dos documentos sigilosos contra o ex-presidente Donald Trump, concordando com os advogados de defesa que disseram que o procurador especial que apresentou as acusações, Jack Smith, foi nomeado ilegalmente pelo Departamento de Justiça, em violação à Constituição.

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Em uma decisão surpreendente, a juíza que foi indicada ao cargo pelo próprio Trump, concluiu que, porque Smith não havia sido nomeado para o cargo de procurador especial pelo presidente ou confirmado pelo Congresso, sua nomeação violava a cláusula de nomeações da Constituição, portanto, ele não teria autoridade para levar caso à Justiça.

A decisão contrariou sentenças judiciais anteriores que remontam à era Watergate e que sustentavam a legalidade das maneiras pelas quais os promotores independentes são nomeados.

O candidato presidencial republicano, o ex-presidente Donald Trump, discursa em um evento de campanha em Butler, Pensilvânia Foto: Gene J. Puskar/AP

De uma só vez, ela removeu uma grande ameaça legal contra Trump no primeiro dia da Convenção Nacional Republicana, onde ele está prestes a se tornar formalmente o candidato do partido à presidência.

A equipe de Smith quase certamente recorrerá da decisão da juíza Cannon de arquivar a acusação de documentos confidenciais, que acusa Trump de reter ilegalmente segredos de Estado altamente sensíveis em sua propriedade em Mar-a-Lago depois de deixar o cargo e, então, obstruir os repetidos esforços do governo para recuperá-los.

Este era um dos quatro casos criminais contra Trump, mas considerado um dos mais graves. Ele se declarou inocente e negou ter cometido qualquer irregularidade.

Embora o caso estivesse há muito tempo paralisado, e a perspectiva de um julgamento antes das eleições de novembro já fosse uma cenário irrealista, a ordem da juíza é uma enorme vitória legal para Trump enquanto ele se recupera de uma tentativa de assassinato no fim de semana.

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Advogados de defesa de Trump apresentaram múltiplos questionamentos ao caso, incluindo um tecnicamente legal que alegava que o procurador Jack Smith havia sido nomeado ilegalmente de acordo com a Cláusula de Nomeações da Constituição, porque ele foi nomeado pelo Procurador-Geral Merrick Garland, em vez de ter sido confirmado pelo Congresso, e que seu escritório foi financiado de maneira imprópria pelo Departamento de Justiça.

“A posição de Conselheiro Especial efetivamente usurpa essa importante autoridade legislativa, transferindo-a para um Chefe de Departamento e, no processo, ameaçando a liberdade estrutural inerente à separação dos poderes”, escreveu Cannon em uma ordem de 93 páginas concedendo um pedido da defesa para arquivar o caso.

“Se os poderes políticos desejam conceder ao Procurador-Geral o poder de nomear o Conselheiro Especial Smith para investigar e processar esta ação com todos os poderes de um Procurador dos Estados Unidos, existe um meio válido para fazer isso”, ela acrescentou. Esse mecanismo é através da aprovação do Congresso, disse ela.

Mesmo antes de sua decisão de hoje, a juíza Cannon tomou uma série de decisões pouco ortodoxas. Ela gerou escrutínio durante a investigação do FBI quando nomeou um árbitro independente para inspecionar os documentos secretos recuperados durante a busca de agosto de 2022 em Mar-a-Lago, decisão que foi anulada de forma unânime meses depois por um painel de apelações federal.

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Desde então, ela tem sido lenta para emitir decisões — favorecendo a estratégia de Trump de assegurar atrasos — e tem considerado argumentos de defesa que especialistas disseram que outros juízes teriam dispensado sem audiências. Em maio, ela cancelou indefinidamente a data do julgamento em meio a uma série de questões legais não resolvidas.

A equipe de Smith contestou vigorosamente o argumento da Cláusula de Nomeações durante as audiências perante Cannon no mês passado e disse à juíza que, mesmo se ela decidisse a favor da equipe de defesa, a correção adequada não seria a demissão do caso. A equipe de Smith também observou que a posição havia sido rejeitada em outros tribunais envolvendo outras acusações feitas por outros conselheiros especiais do Departamento de Justiça.

Um porta-voz da equipe de Smith não retornou imediatamente um pedido de comentário e a equipe de Trump também não fez comentários imediatos./AP e NYT

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