O promotor principal da ação contra Donald Trump pela tentativa de interferir nas eleições presidenciais de 2020 na Georgia, Nathan Wade, renunciou ao cargo nesta sexta-feira, 15. Essa era a condição da Justiça para que a promotora Fani Willis seguisse à frente da acusação, depois que um relacionamento amoroso entre eles veio à tona. A decisão é um revés para Trump, pois permite que Willis, que acompanha o caso há mais de três anos, prossiga com o trabalho e a possibilidade de recursos tende a atrasar o julgamento.
Na decisão, emitida mais cedo, o juiz que supervisiona o processo, Scott McAfee, entendeu que relacionamento dos dois promotores equivale a um conflito de interesses, conforme os advogados de defesa alegaram. Mas afirmou que o afastamento da promotora não era necessário, pois havia “uma opção menos drástica e suficientemente corretiva”: a renúncia de Wade.
Ao entregar o cargo, o promotor disse, em carta, que estava renunciando pelo “interesse da democracia” e “para levar o
caso adiante o mais rápido possível”. Willis e Wade admitiram que se envolveram em relacionamento amoroso em audiência no mês passado, mas rejeitaram a ideia de que Willis se beneficiou indevidamente disso, como alegaram os advogados de Trump.
Segundo o juiz, não havia provas suficientes de que Willis tivesse uma participação pessoal na acusação, mas disse que a descoberta “não é de forma alguma uma indicação de que a Corte tolera esse tremendo lapso no julgamento ou a maneira pouco profissional do depoimento do promotor distrital durante a audiência de instrução”.
O juiz disse acreditar que “a lei da Geórgia não permite a constatação de um conflito real por simplesmente fazer escolhas erradas, mesmo repetidamente, e é dever do tribunal de julgamento limitar-se às questões relevantes e à lei aplicável devidamente trazida a ele”.
Os advogados de Trump podem recorrer a decisão do juiz e atrasar ainda mais o processo. O Senado do Estado, liderado pelos republicanos, também revisa as acusações de conflito de interesse. Os senadores autorizaram uma nova comissão de supervisão para investigar e potencialmente remover promotores.
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Um dos principais argumentos da defesa de Trump foi que Willis tem interesse financeiro em estender o caso, já que o promotor estava sendo pago.
Willis insistiu que o relacionamento com começou em 2022 e durou menos de um ano, sem criar nenhum conflito de interesse financeiro ou pessoal que justifique a saída dela do caso. Tanto ela quanto Wade alegaram na justiça que as despesas de saídas e viagens foram pagas com o próprio dinheiro.
McAfee rejeitou a tese da defesa e aceitou a apresentada pela promotora. “A promotora não agiu de forma alguma em conformidade com a teoria de que ela arranjou um esquema financeiro para enriquecer”, escreveu o juiz. /COM NYT E AP
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