Justiça do Brasil vai reabrir investigação por fraude contra George Santos, eleito deputado nos EUA

Processo criminal de 2008 está parado no Ministério Público do Rio porque autoridades não o localizaram para prestar esclarecimentos; Santos é investigado nos EUA por mentir em currículo

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Por Redação
Atualização:

Um processo criminal na justiça brasileira por acusação de fraude contra o deputado americano filho de brasileiros, George Santos, de 34 anos, eleito para o Congresso dos Estados Unidos, deve ser reaberto pelo Ministério Público do Rio de Janeiro após a imprensa dos EUA noticiar que o currículo escolar e de trabalho dele era mentiroso. Ele estava parado há anos porque, segundo a Promotoria, Santos não era localizado para prestar esclarecimentos.

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O caso começou a ser investigado em 2008 após o roubo de um talão de cheques, mas foi arquivado porque as autoridades não conseguiram localizá-lo. Ao New York Times, o Ministério Público do Rio afirmou que, com o paradeiro dele identificado, vai pedir ao Departamento de Justiça dos EUA que o notifique das acusações para que a investigação tenha continuidade.

A investigação foi divulgada pela primeira vez pelo NYT, que apontou discrepâncias entre o currículo que ele informava e seus negócios financeiros. George Santos assume o cargo no Congresso nesta terça-feira, 3, pressionado pelas investigações, que também são feitas pela Justiça americana. Na semana passada, ele admitiu ter mentido na sua biografia.

O então candidato republicano George Santos durante campanha em Glen Cove, em Nova York, em novembro Foto: Mary Altaffer/AP - 05/11/2022

A investigação no Rio de Janeiro está relacionada a um caso que aconteceu quando Santos estava prestes a completar 20 anos. Santos é acusado de ter utilizado um talão de cheques roubado e um nome falso para comprar roupas em uma loja em Niterói, no Rio de Janeiro.

Um ano depois do caso, em agosto de 2009, ele admitiu o crime ao proprietário da loja em uma mensagem enviada na antiga rede social Orkut. Em 2010, ele e a mãe disseram às autoridades que ele havia roubado o talão de cheques de um homem para quem sua mãe costumava trabalhar.

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Em setembro de 2011, a acusação contra Santos foi aceita pela Justiça, mas no mês seguinte ele estava trabalhando nos Estados Unidos.

Apesar de ter confessado as fraudes no currículo, o deputado diz que não praticou um crime. “Eu não sou um criminoso aqui – nem aqui nem no Brasil nem em qualquer jurisdição do mundo”, declarou recentemente ao New York Post.

Na semana passada, o New York Times noticiou irregularidades nos gastos de campanha de Santos, incluindo US$ 40 mil (cerca de R$ 214 mil) em voos e pagamentos de aluguel vinculados a um endereço onde Santos estaria hospedado e uma possível violação da proibição de usar fundos de campanha para despesas pessoais.

Santos também mentiu sobre uma licenciatura em finanças no Baruch College, de Nova York, em 2010, e sobre experiências profissionais no Citigroup Bank e no Goldman Sachs Investment Bank. Após a repercussão do caso, ele reconheceu dever milhares de dólares em aluguel e retirou a informação de que era dono de várias propriedades.

A acusação do Ministério Público do Rio de Janeiro vai ser apresentada ao Ministério da Justiça, que o compartilharia com o Departamento de Justiça dos EUA para notificar o deputado. A justiça dos dois países não pode agir até que isso aconteça oficialmente.

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Uma condenação criminal contra George Santos não é, por si só, um ato que desqualifica um deputado eleito de ocupar o cargo no Congresso dos EUA. A última vez que um deputado americano foi retirado do cargo por violar a lei foi em 2002, quando o deputado James Traficant Jr. foi condenado por extorsão e corrupção.

Caso seja condenado no Brasil, o deputado pode receber até cinco anos de prisão, além de multa. | NYT

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