Justiça do Equador decreta prisão preventiva do ex-presidente Rafael Correa

Ele vive na Bélgica desde 2017, mas é investigado por suposto envolvimento em um caso de recebimento de propina em licitações do governo

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Por Redação
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QUITO - A Justiça do Equador decretou nesta quinta-feira a prisão preventiva do ex-presidente Rafael Correa pelo suposto envolvimento em um caso de recebimento de propina em licitações do governo. A juíza federal Daniella Camacho atendeu ao pedido feito ontem pela procuradora-geral do Estado do Equador, Diana Salazar, que disse que a prisão preventiva de Correa seria "legal, constitucional e não arbitrária".

Rafael Correa será investigado pela procuradoria por suspeita de corrupção associada à Odebrecht Foto: REUTERS/Henry Romero

Salazar investiga um escândalo batizado como "Propinas 2012-2016" (antes chamado de "Arroz Verde"), no qual estariam envolvidos outras quatro importantes figuras do governo de Correa, que comandou o país entre 2007 e 2017. Um deles é o ex-vice-presidente Jorge Glas, que já está preso após ser condenado em um caso ligado à construtora brasileira Odebrecht. Ele e os outros três citados também tiveram suas prisões preventivas decretadas pela juíza Daniella Camacho. Os promotores dizem ter provas que Correa e os demais citados cometeram os crimes de recebimento de propina, formação de quadrilha e tráfico de influência para financiar irregularmente o Aliança País (AP), movimento político liderado pelo ex-presidente até 2017. No caso de Correa, a juíza responsável pelo caso considerou que a prisão preventiva é uma medida adequada diante da impossibilidade da Justiça de fazê-lo responder ao processo. O ex-presidente vive na Bélgica desde maio de 2017, quando deixou o poder. Na decisão, a magistrada ainda citou que pesa contra Correa uma ordem de captura por violação de medidas cautelares em um caso no qual ele é acusado de uma tentativa de sequestro do político opositor Fernando Balda, em 2012, na Colômbia. Correa responde a vários processos desde que deixou o poder no Equador, mas não foi condenado em nenhum deles. O ex-presidente se nega a voltar ao país porque se considera vítima de uma perseguição política orquestrada por seu sucessor no cargo, Lenín Moreno. Na mesma decisão, Camacho aplicou a mesma medida cautelar para o ex-vice-presidente Jorge Glas, eleito na chapa de Moreno para seguir no governo após a saída de Correa. Glas está preso há quase dois anos após ser condenado por formação de quadrilha em um caso de corrupção envolvendo a construtora Odebrecht. O ex-vice-presidente recorreu da decisão, e o recurso será julgado pela Justiça do Equador a partir de 11 de setembro. As investigações contra Correa começaram após o site "Mil Hojas" revelar o escândalo que inicialmente foi batizado de "Arroz Verde" sobre o financiamento irregular do Aliança País no período em que o partido era liderado por Correa. Várias empresas nacionais e estrangeiras, entre elas a Odebrecht, teriam pagado propinas a membros do movimento político. / EFE

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