Brasileiro e namorada planejaram crime contra Cristina Kirchner, diz juíza argentina

No despacho, juíza responsável pela investigação do caso diz que Fernando Sabag Montiel e Brenda Uliarte premeditaram o crime

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Por Redação
Atualização:

BUENOS AIRES - O atentado frustrado contra a vice-presidente argentina, Cristina Kirchner, foi produto de um “planejamento e acordo prévio” entre o agressor e sua namorada, segundo a Justiça da Argentina.

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A juíza responsável pelos caso, María Eugenia Capuchetti, acusou formalmente na quarta-feira, 8, o brasileiro Fernando Sabag Montiel e sua namorada, Brenda Uliarte, pela tentativa de assassinato de Cristina Kirchner, na porta de sua casa em Buenos Aires, no dia 1º de setembro. Evidências encontradas pelos investigadores apontam ainda que a dupla estudou o local antes do ataque.

Segundo ela, Fernando Sabag Montiel - que na noite do dia 1º de setembro apontou uma arma a menos de um metro da cabeça de Kirchner quando ela estava cercada de apoiadores - e sua namorada, argentina Brenda Uliarte, ambos detidos, foram indiciados por “tentarem matar Cristina Kirchner, contando para isso com o planejamento e o acordo prévio entre ambos”, diz o texto da juíza María Eugenia Capuchetti, divulgado por vários meios de comunicação, incluindo a agência oficial Télam.

O atentado aconteceu quando Kirchner acenava para apoiadores na frente de sua casa, em Buenos Aires. Foto: Reprodução/Vídeo Foto: Reprodução de vídeo

Montiel apontou sua arma a menos de um metro da cabeça de Kirchner quando ela estava cercada por simpatizantes que a aguardavam do lado de fora de sua residência para expressar apoio após um pedido de 12 anos de prisão e para a perda de seus direitos a exercer cargos públicos por parte do Ministério Público em um julgamento por suposta corrupção.

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Fernando Sabag Montiel e a namorada estão presos e foram interrogados pela juíza na terça-feira, 6. Segundo a imprensa local, o brasileiro teria se recusado a falar e declarou apenas que a namorada não estaria envolvida no ataque.

A jovem, por sua vez, negou ter participado do atentado e afirmou que só estava “acompanhando” o namorado na ocasião. Câmeras de segurança próxima ao local do ataque flagraram a presença de Brenda no momento da ação.

Cristina Kirchner, de 69 anos, escapou ilesa da tentativa de ataque. A arma de fogo, apesar de ter sido acionada duas vezes, não disparou. O atentado frustrado aconteceu quando a vice-presidente cumprimentava um grupo de apoiadores na porta de sua casa, em Buenos Aires.

Um vídeo registra o momento em que um homem aponta a arma para a vice-presidente e rapidamente é detido. Nos vídeos, é possível ver que Cristina se abaixa após a arma ser apontada para ela. No mesmo instante, seguranças intervêm e conseguem segurar o suspeito.

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Segundo relatos da militância ao jornal La Nación e em um dos vídeos do momento, a arma chegou a ter o gatilho apertado, mas nenhum tiro foi disparado. “Estávamos fazendo um cordão de isolamento com os companheiros e de repente, sem dizer uma palavra, o homem apertou o gatilho. Ele colocou o revólver na frente dela”, declararam.

Uma fonte do governo argentino afirmou ao jornal Clarín que Cristina não percebeu, na hora, que um homem havia tentado atirar contra ela. No momento da tentativa de disparo, ela abaixou para pegar um exemplar de sua biografia que alguém havia pedido para que ela autografasse e tinha caído na rua. Só depois, segundo a fonte, ela entendeu o que aconteceu. No vídeo, é possível ver ela apanhando um livro no chão.

O brasileiro Fernando Sabag Montiel é preso após tentar matar Cristina Kirchner, vice-presidente da Argentina, em Buenos Aires  Foto: Reprodução de vídeo

Segundo o funcionário do governo, Cristina está calma, em sua casa, acompanhada do filho Máximo Kirchner e por dois secretários particulares. Ela já conversou com o presidente Alberto Fernández e com vários integrantes do governo, incluindo o ministro da Economia, Sergio Massa.

Outros incidentes

Ainda de acordo com o Clarín, Cristina Kirchner já havia sido hostilizada no mesmo local por um entregador, que a insultou na frente dos militantes ao passar diante da residência. Ele foi preso pela Polícia Federal instantes depois.

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As tensões na Argentina cresceram desde o pedido da Promotoria da Argentina de 12 anos de prisão contra a atual vice-presidente por acusações de corrupção, no dia 23 deste mês. Apoiadores fazem uma vigília na frente da residência de Kirchner para demonstrar apoio à mandatária, organizada após alguns opositores da líder peronista terem se dirigido a seu apartamento para protestar.

Ao sair do apartamento todos os dias antes de ir despachar no Senado (na Argentina o vice-presidente comanda a Casa), Cristina saúda seus aliados que ali a esperam. Ela repete o gesto à noite, quando retorna.

A vice-presidente é acusada, juntamente com outras 12 pessoas, de supostamente ter orientado enquanto era presidente da República a atribuição de licitações de obras públicas na Província de Santa Cruz, seu berço político, em favor do empresário Lázaro Báez, contra quem os promotores também pediram 12 anos de prisão e apreensão de seus bens. Os pedidos de sentença variaram de 2 a 12 anos de prisão. A pena máxima para esses crimes é de 16 anos.

Kirchner afirma que as acusações contra ela se tratam de perseguição judicial e acusa a promotoria e os juízes de atuarem juntos e ferirem os direitos de defesa. /AFP e EFE

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