WASHINGTON — O julgamento do ex-presidente Donald Trump no processo federal em que é acusado por tentar reverter a última eleição americana foi marcado para o dia 04 de março de 2024. A Super-Terça, como é conhecida a data em que se realizam a maioria das eleições primárias nos EUA, está marcada para o dia seguinte. Outros dois casos nos quais o ex-presidente é réu também devem ocorrer prévias do partido Republicano, que começam em janeiro do ano que vem e duram até o meio do ano.
A equipe do promotor especial Jack Simth, que conduziu a investigação e denúncia formal do ex-presidente havia pedido que o julgamento começasse em janeiro. A defesa de Donald Trump alegou que precisaria de mais tempo para se preparar diante do volume de evidências e tentou empurrar a data para abril de 2026. De acordo com o advogado John Lauro, são 12 milhões de páginas de documentos — um número que os promotores consideram exagerado. “Esse é um dos casos mais singulares na perspectiva legal já apresentados na história dos Estados Unidos”, insistiu Lauro.
O procuradora Molly Gaston, por sua vez, afirmou que boa parte das evidências já é conhecida pela defesa e que um julgamento rápido é de “interesse público sem precedentes”. A juíza Tanya Chutkan decidiu que o julgamento será um pouco depois do que pediu a acusação e bem antes do que queria a defesa. “O público tem direito a uma resolução rápida e eficiente desta questão”, justificou.
O ex-presidente reagiu com irritação à decisão sobre a data do julgamento. Sem apresentar evidências, ele sugeriu que os promotores teriam arrastado a investigação deliberadamente para coincidir com o que chamou “campanha suja” do presidente Joe Biden. “Interferência eleitoral”, reclamou ele em publicação na própria rede, a Truth Social.
Ainda em março, Trump também deve ser julgado em Nova York por uma suposta compra de silêncio da atriz pornô Stormy Danieles. Em maio, ele vai a julgamento pelo caso dos documentos secretos encontrados na mansão de Mar-a-Lago, Flórida.
O ex-presidente ainda é réu em outro caso que envolve a tentativa de reverter a derrota para Joe Biden em 2020, um processo estadual na Georgia, que correu em paralelo com o inquérito federal conduzido pela equipe de Jack Smith. A promotora Fani Willis solicitou que o julgamento tivesse início também em 04 de março. O prazo considerado curto gerou críticas e ainda não foi aprovado pela justiça.
Líder nas pesquisas para as primárias do partido Republicano, o ex-presidente tem negado todas as acusações que pesam contra ele. Nas palavras de Donald Trump, os processos seriam parte de uma “perseguição”./AP
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.