RIAD - Um tribunal saudita anulou ontem penas de morte aos acusados de matar o <IP9,0,0>ex-editor-chefe da Al-Arab News Channel e colunista do jornal Washington Post Jamal Khashoggi. O crime ocorreu em outubro de 2018.
Os oito acusados pelo assassinato agora foram condenados à prisão, juntamente com outros três suspeitos, com penas que vão até 20 anos.
“Cinco dos acusados foram condenados a 20 anos de prisão e outros três, a penas de 7 a 10 anos”, informou a agência oficial de imprensa saudita, citando a Procuradoria. Nenhum dos condenados teve o nome divulgado pela Justiça saudita.
No outro julgamento, em dezembro, que ocorreu sob sigilo, concluiu-se que o crime não tinha sido premeditado. Na ocasião, dos 11 suspeitos, 3 foram absolvidos, 3 presos e outros 5 condenados à morte.
Em maio, os filhos de Khashoggi disseram que tinham “perdoado” os assassinos. Na Arábia Saudita, onde não há um sistema legal codificado que segue a lei islâmica, o perdão da família de uma vítima pode significar um alívio nas penas por crimes.
O jornalista foi morto no Consulado da Arábia Saudita em Istambul, na Turquia, em outubro de 2018. Segundo a CIA (agência de inteligência americana), o crime foi ordenado pelo príncipe herdeiro saudita, Mohammed Bin Salman, na tentativa de calar o jornalista, um duro crítico do regime.
Khashoggi havia ido ao consulado saudita buscar documentos para o casamento com a turca Hatice Cengiz, mas nunca mais saiu de lá. Após a morte, o corpo do jornalista teria sido desmembrado com uma serra. Os restos mortais dele nunca foram encontrados. Para Cengiz, a sentença de ontem foi uma “farsa”. “A comunidade internacional não aceitará essa farsa”, escreveu no Twitter. “As autoridades sauditas fecharam o caso sem que o mundo saiba a verdade sobre o responsável pelo assassinato de Jamal<IP9,0,0>”, acrescentou.
O assassinato mergulhou a Arábia Saudita em uma de suas piores crises diplomáticas e manchou a imagem do príncipe herdeiro. Depois de ter negado num primeiro momento o assassinato e, em seguida, lançado várias versões, Riad acabou por dizer que o crime havia sido cometido por agentes sauditas que teriam agido sozinhos e sem receber ordens de seus superiores.
O procurador-geral saudita inocentou o príncipe herdeiro, que disse à televisão americana PBS que aceitava a responsabilidade pelo assassinato, pois ocorreu “sob seu reinado”, mas negou conhecimento prévio. / AFP e REUTERS
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