WASHINGTON - O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e a vice-presidente, Kamala Harris, realizaram reuniões bilaterais nesta quinta-feira, 25, em Washington com o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu. Nos dois encontros, o premiê foi pressionado pelos americanos a fechar um acordo patrocinado pela Casa Branca para interromper os combates com o grupo terrorista Hamas na Faixa de Gaza e libertar os reféns mantidos desde outubro no território palestino.
Segundo o porta-voz da Casa Branca, John Kirby, as partes em negociação estão mais próximas do que nunca de um acordo, mas ainda há lacunas importantes a serem preenchidas. “Precisamos encerrar a guerra e uma das principais coisas sobre as quais o presidente conversará com o primeiro-ministro hoje é como chegaremos lá, como encerraremos essa guerra, e a melhor maneira, em sua opinião, é firmar esse acordo”, disse Kirby antes da reunião privada entre os dois.
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A reunião individual de Kamala Harris com Netanyahu, por sua vez, adquiriu maior importância depois que ela se tornou a candidata democrata presumida nesta semana, após a surpreendente decisão de Biden de se retirar da corrida presidencial. Ela não divergiu publicamente da abordagem de Biden em relação à guerra, mas pressionou o governo a considerar mais fortemente o sofrimento palestino em sua resposta e, muitas vezes, foi a autoridade de mais alto nível a falar enfaticamente sobre as baixas civis.
“Ela tem sido uma parceira integral em nossas políticas no Oriente Médio, particularmente em nossas políticas em relação a Israel e à guerra em Gaza”, disse Kirby.
Pressão pela trégua
Na quarta-feira, em um pronunciamento na Casa Branca, Biden deixou claro que pôr fim ao conflito será uma de suas prioridades até o fim do mandato. “Vou continuar trabalhando para acabar com a guerra em Gaza, levar para casa todos os reféns, trazer paz e segurança para o Oriente Médio e acabar com essa guerra”, afirmou o presidente.
A conversa entre os dois aconteceu no dia seguinte ao discurso de Binyamin Netanyahu no Congresso dos EUA, em que defendeu a conduta de Israel na Faixa de Gaza, declarou sem evidência que os protestos pró-Palestina são financiados pelo Irã e elogiou tanto Biden quanto o ex-presidente Donald Trump. O premiê foi ovacionado pelos políticos americanos durante todo o discurso.
Depois da reunião, os dois chefes de Estado se reuniram com parentes de reféns americanos. De acordo com o jornal Washington Post, o encontro com estes foi uma forma da Casa Branca pressionar Netanyahu a parar de fazer novas exigências para o acordo e concordar com os termos atuais. “Não trazer os reféns para casa é um fracasso total”, disse Jon Polin, pai do refém americano Hersh Goldberg-Polin, em entrevista ao jornal.
Em virtude desta agenda, Netanyahu ordenou nesta quarta-feira que negociadores israelenses adiassem uma viagem marcada para o Catar para retomar o diálogo em torno do acordo de libertação de reféns, de acordo com o jornal israelense Hareetz. A viagem deve acontecer nos próximos dias.
Críticas
Netanyahu é criticado desde os primeiros meses do conflito por não priorizar a libertação em detrimento de seus objetivos militares de destruição total do Hamas. No início de junho, os EUA culparam o Hamas de fazer novas exigências para a libertação de reféns, mas isso mudou após o premiê israelense ordenar que o chefe da agência de inteligência de Israel (Mossad), David Barnea, aumentasse os termos para o acordo.
Outros temas tratados na reunião foram os planos de Israel para o conflito chegar ao fim e para o pós-guerra em Gaza, cobrados pelo governo americano. Os combates com o grupo militante Hezbollah, na fronteira com o Líbano, a escalada recente contra os Houthis no Iêmen e a ameaça do Irã também foram debatidos.
Netanyahu também tem um encontro marcado com o ex-presidente e candidato republicano Donald Trump nesta sexta-feira, 26./ NYT
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