A vice-presidente dos Estados Unidos e candidata presidencial pelo Partido Democrata, Kamala Harris, escolheu o governador de Minnesota, Tim Walz, como seu companheiro de chapa na disputa presidencial. Harris anunciou a escolha em uma postagem na rede social Instagram na manhã desta terça-feira, 6. O candidato a vice vai participar de uma agenda de comícios por sete Estados diferentes ao lado de Harris que começa hoje na Filadélfia.
Walz desbancou outros nomes cotados como o governador da Pensilvânia, Josh Shapiro, o senador Mark Kelly e o secretário de Transportes dos Estados Unidos, Pete Buttigieg. O governador de Minnesota era o favorito da ala progressista do Partido Democrata, que criticou Shapiro e Kelly nos últimos dias por suas posições mais “conservadoras” em alguns temas.
Em uma publicação no Instagram, Harris anunciou o companheiro de chapa e compartilhou sua trajetória pessoal e profissional. “Uma das coisas que me chamou a atenção em Tim é como suas convicções sobre a luta pelas famílias de classe média são profundas”.
Escolha
Em comparação com alguns dos outros candidatos que Harris considerou como potenciais companheiros de chapa, Walz é menos conhecido e tem enfrentado menos escrutínio no cenário nacional.
Governador em segundo mandato e presidente da Associação de Governadores Democratas, Walz não vem de um swing state, Estado-pêndulo em português, definição dada aos Estados que não tem um comportamento eleitoral definido, podendo variar entre uma vitória democrata ou republicana, dependendo da eleição. Minnesota só votou uma vez em um candidato republicano nas eleições presidenciais desde 1960.
Mas as credenciais de Walz como veterano da Guarda Nacional e proprietário de armas que anteriormente representava um condado rural e conservador pode ajudar Harris a atrair os eleitores brancos da classe trabalhadora que se afastaram dos democratas e ajudaram a alimentar a ascensão política de Donald Trump.
Walz enfrenta agora a tarefa urgente de se apresentar ao país, faltando cerca de três meses para uma eleição que já foi abalada pela saída do presidente americano Joe Biden do pleito. O governador de Minnesota também deve debater pelo menos uma vez com o candidato a vice do Partido Republicano, o senador J.D. Vance.
Saiba mais
Biografia
Walz tem 60 anos e nasceu em West Point, cidade rural do Estado americano de Nebraska. Após o colegial ele se alistou para a Guarda Nacional dos Estados Unidos e se formou em ciências sociais em 1989. Representou Minnesota como congressista de 2006 até 2019, quando foi eleito governador. Ele foi reeleito em 2022.
Em seu governo, o Estado aprovou leis notoriamente mais progressistas como o fornecimento de refeições escolares gratuitas e universais para estudantes, a proteção da liberdade reprodutiva, e o lançamento de metas para que Minnesota tenha eletricidade 100% limpa até 2040. Walz também cortou impostos para a classe média e expandiu as licenças remuneradas para os trabalhadores do Estado.
Walz ganhou projeção nacional por conta de diversas entrevistas que concedeu a emissoras americanas após a saída de Biden.
O governador de Minnesota viralizou após chamar o ex-presidente americano Donald Trump e seu companheiro de chapa, J.D. Vance de “estranhos”. As declarações de Walz se transformaram em uma tática do Partido Democrata para atingir os republicanos.
“Estas são pessoas estranhas do outro lado. Eles querem levar os livros embora, querem estar na sua sala de exames. Eles são ruins para a política externa e são ruins para o meio ambiente”, apontou Walz à emissora americana MSNBC em julho.
Republicanos criticam Walz
As reações dos republicanos à escolha de Walz rapidamente se concentraram em criticas por ele ser “progressista demais”. O partido de Donald Trump também atacou Walz em relação a resposta do governo de Minnesota aos protestos em Minneapolis após o assassinato de George Floyd em 2020.
O Estado de Minnesota ganhou atenção internacional após a morte de Floyd. Manifestantes realizaram incêndios criminosos e propagaram violência e roubos que sobrecarregaram rapidamente as autoridades locais. Os críticos culpam Walz por não ter agido mais rapidamente para controlar a situação com as tropas da Guarda Nacional de Minnesota e outros funcionários do estado.
Dois dias após a morte de Floyd, com os protestos em Minneapolis se tornando cada vez mais violentos, o prefeito da cidade, Jacob Frey, pediu a Walz que mobilizasse a Guarda Nacional. Horas depois, o chefe de polícia da cidade apresentou um pedido por escrito de 600 soldados. Mas foi só na tarde seguinte que Walz assinou uma ordem executiva permitindo que a Guarda ajudasse as cidades./com W.Post e NYT
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