Kansas se torna o primeiro Estado dos EUA a ratificar o direito ao aborto

O referendo representa um marco desde que a Suprema Corte anulou a decisão Roe versus Wade, em junho deste ano

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Por Redação
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OLATHE - O Kansas votou nesta terça-feira, 2, a favor da manutenção do direito ao aborto na primeira consulta popular sobre o assunto desde que a Suprema Corte dos Estados Unidos derrubou a decisão do caso Roe versus Wade, em vigor havia quase 50 anos, que garantia em nível federal o direito das mulheres decidirem sobre a interrupção voluntária da gravidez.

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De acordo com projeções da mídia norte-americana, com 90% dos votos apurados, mais de 60% dos eleitores votou contra a alteração da Constituição estadual para restringir o direito ao aborto.

Momentos após o fechamento das urnas às 19h (21h em Brasília), Scott Schwab, que supervisionou as eleições no Estado declarou que a participação foi de pelo menos 50%, um número esperado para este tipo de eleição, informou a imprensa local.

Eleitores marcam suas cédulas durante a eleição primária e o referendo sobre aborto em uma estação de votação do condado de Wyandotte em Kansas City, Kansas, EUA, em 2 de agosto de 2022. Eric Cox/ Reuters Foto: ERIC COX

No Twitter, Joe Biden afirmou que o resultado representa uma ampliação aos cuidados de saúde reprodutiva. “É uma vitória importante para o Kansas, mas também para todos os americanos que acreditam que as mulheres devem poder tomar suas próprias decisões de saúde sem interferência do governo”, escreveu.

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O Kansas foi o primeiro referendo realizado por um Estado americano após a decisão da Supremo Corte de anular a decisão Roe versus Wade, caso célebre de 1973 que garantiu o direito constitucional ao aborto até a 22ª e 24ª semanas de gestação. Por isso, a votação é vista como um grande teste para o direito ao aborto em todo o país, já que legislaturas dominadas por republicanos correm para impor proibições estritas ao procedimento.

Kansas, um Estado historicamente conservador

O Kansas tem uma grande tradição republicana, partido que controla os gabinetes do procurador-geral, secretário de Estado e ambas as casas do legislativo estadual.

Além disso, o partido do ex-presidente Donald Trump também costuma ser preferência nas eleições presidenciais. Nas últimas eleições, por exemplo, Trump recebeu 56% dos votos.

Repercussão pós-votação

O referendo foi duramente criticado por organizações civis, que denunciaram que o texto da questão não era suficientemente clara, numa tentativa de “desinformar e confundir por parte daqueles que se opõem ao aborto”.

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Mulheres assistem aos resultados em uma festa eleitoral para Value them Both, um grupo a favor de uma emenda constitucional que remove as proteções ao aborto da constituição do Kansas, terça-feira, 2 de agosto. Foto: Charlie Riedel/AP Foto: Charlie Riedel

Algumas horas antes do pleito no Kansas, o procurador-geral dos EUA, Merrick Garland, anunciou um processo contra o Estado de Idaho, por considerar uma lei contra o aborto que entraria em vigor em 25 de agosto “criminaliza médicos” e impede-os de praticar livremente as interrupções da gravidez quando a saúde da mulher está em risco.

O processo aponta que há violação da Lei do Trabalho Federal e Tratamento Médico de Emergência, que protege os médicos que realizam intervenções quando o aborto é “o tratamento médico necessário para estabilizar a condição de emergência de um paciente”. Segundo o entendimento da procuradoria, a legislação estadual impõe aos médicos o ônus de provar em juízo que não são criminalmente responsáveis.

Esta é a primeira ação do Departamento de Justiça contra o Estado desde a decisão da Suprema Corte, e não será o único, segundo o próprio Garland explicou em uma entrevista coletiva.

Outros estados, incluindo Califórnia e Kentucky, devem votar sobre a questão em novembro, juntamente com eleições de meio de mandato, nas quais republicanos e democratas esperam reunir apoiadores em todo o país em torno de suas posições sobre o aborto./AFP, AP e EFE

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