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‘A mudança começa agora’, diz Keir Starmer em primeiro discurso como novo premiê britânico

Líder trabalhista recebeu a benção do rei Charles III para formar um governo majoritário após a vitória esmagadora de seu partido Trabalhista sobre os Conservadores nas eleições gerais

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Por Redação
Atualização:

LONDRES - Keir Starmer, líder do Partido Trabalhista, se tornou oficialmente primeiro-ministro do Reino Unido nesta sexta-feira, 5, após reunião com o rei Charles III. Após um cerimonial aperto de mãos, o monarca convidou o trabalhista para o cargo e lhe concedeu a benção para que forme um governo em seu nome.

Ele se encontrou com o rei no Palácio de Buckingham, como manda o ritual após a vitória esmagadora de seu partido sobre o Partido Conservador. Então ele fez um discurso do lado de fora do número 10 da Downing Street, sua nova residência oficial, onde afirmou que “a mudança começa agora”. O novo premiê prometeu liderar um governo pragmático que restauraria a esperança e a fé da nação na política e no serviço público.

Keir Starmer foi convidado pelo rei Charles III a se tornar o próximo primeiro-ministro do Reino Unido Foto: Yui Mok/AP

Starmer levou o Partido Trabalhista a uma enorme vitória eleitoral e se tornou o primeiro líder do partido de centro-esquerda a vencer uma eleição nacional no Reino Unido desde Tony Blair , que venceu três eleições consecutivas a partir de 1997.

‘Reconstruir tijolo por tijolo’

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Em seu primeiro discurso como premiê, Starmer começou elogiando seu antecessor, Rishi Sunak, que havia feito suas próprias breves observações de despedida do mesmo local algumas horas antes.

“Precisamos avançar juntos”, disse sob um céu nublado de tarde e acompanhado de sua esposa Victoria. “Não tenham dúvidas de que o trabalho de mudança começa agora”, disse ele.

Starmer mencionou poucas políticas específicas em seus comentários, falando de um governo “não sobrecarregado pela doutrina”, prometendo trabalhar de forma pragmática por todos os britânicos, unir a nação e governar com respeito e humildade.

Keir Starmer deu seu primeiro discurso como premiê do Reino Unido em frente à sua nova residência no número 10 da Downing Street Foto: Kin Cheung/AP

“Quer você tenha votado no Partido Trabalhista ou não — na verdade, especialmente se não votou —, digo diretamente a você: ‘Meu governo servirá a você’”, disse ele. “A política pode ser uma força para o bem. Nós mostraremos isso.”

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Os britânicos, disse ele, deram ao seu partido “um mandato claro, e nós o usaremos para entregar mudança, para restaurar o serviço e o respeito à política, encerrar a era da performance barulhenta, interferir menos em suas vidas e unir nosso país.”

Falando sobre a necessidade de escolas e moradias acessíveis, Starmer prometeu reconstruir a “infraestrutura de oportunidades” do país “tijolo por tijolo”.

O novo premiê do Reino Unido, Keir Starmer, é aplaudido por apoiadores junto de sua esposa Victoria, em frente ao número 10 da Downing Street Foto: Vadim Ghirda/AP

Com quase todas as 650 disputas declaradas, o Partido Trabalhista havia conquistado mais de 410 cadeiras e os Conservadores estavam a caminho de menos de 130. Essa seria a pior derrota para os Conservadores nos quase 200 anos de história do partido.

Mas também foi um resultado excepcionalmente fragmentado, com ganhos não apenas para o partido Reformista britânico, de direita radical, mas para o Partido Verde e para candidatos independentes pró-Palestina em assentos trabalhistas antes seguros.

Despedida de Sunak

Starmer assumiu a residência oficial cerca de duas horas depois que o líder conservador Rishi Sunak e sua família deixaram a casa e o rei aceitou a renúncia do líder conservador.

“Este é um dia difícil, mas deixo este trabalho honrado por ter sido primeiro-ministro do melhor país do mundo”, disse Sunak em seu discurso de despedida.

Sunak admitiu a derrota no início da manhã desta sexta, dizendo que os eleitores haviam dado um “veredito preocupante”.

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Em um discurso reflexivo de despedida no mesmo lugar onde havia convocado eleições antecipadas seis semanas antes, Sunak desejou tudo de bom a Starmer, mas também reconheceu seus erros.

“Ouvi sua raiva, sua decepção, e assumo a responsabilidade por essa perda”, disse Sunak. “A todos os candidatos e ativistas conservadores que trabalharam incansavelmente, mas sem sucesso, lamento que não tenhamos conseguido entregar o que seus esforços mereciam”.

Keir Starmer recebeu a benção do rei Charles III para formar um governo no Reino Unido Foto: Yui Mok/AP

Desafios do novo governo

Para Starmer, essa vitória é um triunfo enorme que trará enormes desafios, pois ele enfrenta um eleitorado cansado e impaciente por mudanças em um cenário sombrio de mal-estar econômico, crescente desconfiança nas instituições e um tecido social desgastado.

“Nada deu certo nos últimos 14 anos”, disse o eleitor de Londres James Erskine, que estava otimista com a mudança nas horas antes do fechamento das urnas. “Eu apenas vejo isso como o potencial para uma mudança sísmica, e é isso que espero.”

Anand Menon, professor de Política Europeia e Relações Exteriores no King’s College London, disse que os eleitores britânicos estavam prestes a ver uma mudança marcante na atmosfera política em relação à tumultuada “política como pantomima” dos últimos anos.

“Acho que teremos que nos acostumar novamente a um governo relativamente estável, com ministros permanecendo no poder por um longo tempo, e com o governo sendo capaz de pensar além dos objetivos de curtíssimo prazo para médio prazo”, disse ele.

O Reino Unido passou por uma série de anos turbulentos — alguns deles causados pelos próprios conservadores e outros não — que deixaram muitos eleitores pessimistas sobre o futuro do país. O divórcio do Reino Unido da União Europeia seguido pela pandemia da covid-19 e a invasão da Ucrânia pela Rússia massacraram a economia, enquanto as festas de violação do lockdown realizadas pelo então primeiro-ministro Boris Johnson e sua equipe causaram raiva generalizada.

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O aumento da pobreza, a infraestrutura em ruínas e o Serviço Nacional de Saúde sobrecarregado levaram a reclamações sobre um “Reino Unido quebrado”.

A sucessora de Johnson, Liz Truss, abalou ainda mais a economia com um pacote de cortes drásticos de impostos e durou apenas 49 dias no cargo. Truss, que perdeu sua cadeira para o Partido Trabalhista, foi uma de uma série de conservadores seniores expulsos em um acerto de contas eleitoral severo./AP e NYT

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