Líder chavista diz que ideia do governo Lula para novas eleições na Venezuela é erro e estupidez

Diosdado Cabello, número 2 do partido chavista liderado por Maduro, fez críticas a sugestão do governo em programa televisivo; ‘não se metam nos assuntos internos da Venezuela’, disse

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Foto do author Luiz Henrique Gomes
Atualização:

O líder chavista Diosdado Cabello, vice-presidente do partido chavista liderado por Nicolás Maduro, declarou que a ideia do governo brasileiro de novas eleições na Venezuela, numa espécie de segundo turno, é “erro, para não dizer uma estupidez”.

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“Aqui na Venezuela não há segundo turno. Não há segundo turno. A Constituição não prevê segundo turno. Isso não é uma ideia, é um erro, para não dizer estúpido. As eleições não vão se repetir porque aqui Nicolás Maduro ganhou”, disse durante o programa televisivo Con El Mazo Dando, comandado por ele e transmitido na televisão venezuelana e através do YouTube, nesta quarta-feira, 14.

O número 2 do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) falou sobre a ideia depois de ler uma publicação na rede social X do cientista político espanhol Juan Carlos Monedero com críticas a Celso Amorim, assessor especial de Lula para assuntos externos. A sugestão de novas eleições, escreveu o cientista espanhol, é “sem pé, nem cabeça”. “Diante de direitas que não são democráticas, é preciso evitar de alimentá-las. Está escutando, Celso Amorim?”, disse o chavista enquanto lia a publicação.

Imagem mostra Diosdado Cabello apresentando o programa de TV Con El Mazo Dando Foto: Reprodução/YouTube

“Não vamos repetir nenhuma eleição”, prosseguiu. “Senhores, vocês não tem nada para fazer, não se metam nos assuntos internos da Venezuela. Vamos responder vocês.”

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Com uma plateia no estúdio, os comentários do chavista foram aplaudidos pelos presentes. Cabello, então, prosseguiu lendo publicações de outros atores internacionais sobre a Venezuela, ora elogiando defensores do resultado oficial das eleições, que deu a vitória a Maduro, ora criticando quem não reconheceu a eleição por falta de transparência na apresentação das atas eleitorais.

O chavista apresenta o programa semanalmente no canal estatal venezuelano para fazer a defesa do chavismo. Ele faz os comentários ao lado de um mural com as publicações impressas e segura um porrete enquanto isso, aos moldes popularescos. O porrete faz referência ao nome do programa, Con El Mazo Dando, que pode ser traduzido como “com o porrete espancando”.

O programa desta quarta durou quatro horas, com os comentários de Cabello e exibições de discursos do ex-presidente Hugo Chávez. Nas redes sociais, Con El Mazo Dando é acompanhado por mais de 600 mil seguidores. Cabello é um dos líderes mais populares do chavismo, presente na campanha eleitoral de Maduro e representante do ditador em alguns casos.

A ideia de novas eleições na Venezuela foi discutida por integrantes do governo Lula a portas fechadas nos últimos dias. Pela sugestão, seria promovido uma espécie de “segundo turno” somente entre Nicolás Maduro e o opositor Edmundo González. Nesta quinta, Lula declarou durante uma entrevista que o ditador faria isso se tivesse bom senso.

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Segundo o jornal Valor Econômico, a sugestão foi dada por Celso Amorim a Lula e o presidente teria a reproduzido verbalmente durante reunião ministerial no dia 8. Amorim confirmou a ideia durante a sabatina que participou no Senado também nesta quinta-feira. Segundo ele, a sugestão também é debatida com outros interlocutores externos, que tentam encontrar uma saída para o impasse entre o ditador e a oposição. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse publicamente que apoia uma nova eleição.

A ideia também foi apresentada ao México, que recuou na cobrança de atas para reconhecer a eleição nos últimos dias, e à Colômbia.

Além do regime chavista, a ideia também foi criticada pela oposição venezuelana. A líder Maria Corina Machado disse que a sugestão é uma falta de respeito. “Eu pergunto a vocês. Se não agradar o resultado de uma segunda eleição, vamos para uma terceira? Uma quarta? Uma quinta? Vocês aceitariam isso em seu país?”, declarou Corina em uma coletiva de imprensa nesta quinta. “Propor isso é desconhecer o que aconteceu em 28 de julho, é desrespeito aos venezuelanos”, completou.

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