BARCELONA - O líder de governo da Catalunha, Quim Torra, afirmou nesta quinta-feira, 17, que outro referendo sobre a independência da região deveria ser feito em até dois anos. A declaração representa um novo desafio ao governo espanhol após manifestações pró-separatistas.
Segundo os organizadores, os protestos de hoje reuniram 22 mil pessoas nas ruas de Barcelona. Na última quarta, 16, cerca de 100 pessoas ficaram feridas em confrontos com a polícia. Foi o terceiro dia de manifestações desde a condenação de nove líderes catalães a períodos longos de prisão pela Suprema Corte da Espanha. Eles foram condenados após a tentativa de independência fracassada em 2017.
Na madrugada, carros e latões de lixo foram incendiados em Barcelona, capital catalã. A polícia diz que prendeu 12 pessoas na cidade durante alguns dos piores episódios de violência vistos na Espanha nos últimos anos, que provocaram ondas de choque na política nacional.
O Ministério do Interior disse que enviará reforços, já que há novos protestos programados para a próxima sexta-feira, 18. Sindicatos convocaram uma greve e há expectativa de chegada de mais manifestantes a Barcelona, uma das principais cidades turísticas da Europa.
Na madrugada de quinta-feira, Quim Torra fez um pronunciamento em rede regional de televisão, pedindo serenidade aos manifestantes e o fim dos atos de vandalismo para que a violência não prejudique a imagem dos independentistas. Ao discursar no Parlamento Catalão, ele instou o movimento a levar adiante os protestos, afirmando que “de jeito nenhum” algum tribunal o impedirá de adotar medidas para a independência.
“Se todos os partidos e grupos o tornarem possível, temos que ser capazes de finalizar este mandato legislativo validando a independência”, disse Torra, acrescentando que as penas anunciadas na segunda-feira não impedirão os separatistas de realizar um novo referendo. “Voltaremos às urnas novamente pela autodeterminação”, declarou.
Torra pediu que uma Constituição seja elaborada para a Catalunha na primavera de 2020 (entre março e junho), o que pode abrir caminho para uma votação antes de a legislatura se encerrar, em dezembro de 2021.
Os principais partidos da Espanha vêm se recusando continuamente a realizar um referendo de independência da Catalunha. Por outro lado, os socialistas governistas dizem estar abertos a um diálogo sobre outras questões.
O Tribunal Constitucional alertou autoridades catalãs na última quarta, sobre as consequências legais caso violem a lei e busquem a independência regional.
Do lado da oposição ao movimento separatista, o secretário-geral da coalizão Unidas Podemos, Pablo Iglesias, disse que apoiará o governo em medidas destinadas a desinflamar a situação e criticou as propostas feitas pelos opositores. O Vox, partido de extrema direita que elegeu seus primeiros deputados nas últimas eleições, exigiu que o governo da Espanha declare estado de exceção devido à "gravidade excepcional" dos fatos ocorridos na Catalunha. / REUTERS e EFE
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