MOSCOU - O opositor russo preso Alexei Navalni foi transferido para uma nova colônia prisional de regime severo anunciaram pessoas próximas a ele nesta terça-feira, 14, que disseram não saber onde ele está e temiam por sua vida. Mais tarde foi informado que ele havia sido levado para uma prisão de segurança máxima a 250 Km de Moscou.
“Disseram em Pokrov (sua antiga colônia penitenciária) que Navalni não está mais detido lá, que foi transferido para uma colônia de regime severo”, disse Olga Mikhailova, uma das advogadas da oposição, à agência Tass. “Isso está relacionado ao fato de que o veredicto de seu novo caso entrou em vigor”, acrescentou.
“Enquanto não soubermos onde Alexei está, ele continuará a ser ameaçado por um sistema que já tentou matá-lo. Por isso, nossa principal tarefa é localizá-lo o mais rápido possível”, comentou sua porta-voz, Kira Iarmych, no Telegram. Ela denunciou que nem o opositor, nem seus advogados, nem sua família foram informados desta transferência.
Mais tarde, porém, o observador regional da prisão Sergei Yazhan disse por telefone que Navalni havia sido levado para a colônia penal IK-6 em Melekhovo, perto de Vladimir, cerca de 250 km a leste de Moscou.
Yazhan é presidente da Comissão de Monitoramento Público local, uma organização encarregada de proteger os direitos dos prisioneiros em cada região russa e trabalhar em estreita colaboração com as autoridades penitenciárias.
O serviço penitenciário da Rússia não pôde ser contatado imediatamente para comentar.
O juiz ordenou que Navalni fosse transferido para uma prisão de segurança máxima, onde seus direitos de visitas e correspondência serão reduzidos.
No final de maio, a Justiça russa confirmou a pena de nove anos de prisão de Navalni pelo desvio de fundos doados para organizações de combate à corrupção. Ele rejeita as acusações, considerando-as politicamente motivadas.
Principal opositor do Kremlin hoje, o advogado e ativista anticorrupção já cumpre uma pena por fraude em um caso que remonta a 2014. Até agora, ele era mantido preso em uma colônia de Pokrov, a 100 km de Moscou, considerada uma das mais duras do país.
Navalni ganhou admiração da oposição em 2021 por retornar à Rússia voluntariamente em 2021 da Alemanha, onde havia sido tratado pelo que testes de laboratório ocidentais mostraram ser uma tentativa de envenená-lo na Sibéria com um agente nervoso da era soviética. A Rússia nega ter tentado matá-lo.
Navalni descreve a Rússia do presidente Vladimir Putin como “um estado distópico dirigido por ladrões e criminosos onde o errado é certo e os juízes são representantes corruptos de uma elite condenada.”
No mês passado, ele criticou Putin por meio de uma videoconferência em um tribunal russo, classificando-o como um louco que havia iniciado uma “guerra estúpida” que estava massacrando pessoas inocentes da Ucrânia e da Rússia.
A rede política de Navalni foi amplamente desmantelada, tendo sido banida como uma organização “extremista”. Assessores e organizadores seniores foram presos ou forçados ao exílio. Navalni disse há duas semanas que foi acusado em um novo processo criminal de criar uma organização extremista e incitar o ódio às autoridades, crimes que podem levar a uma pena máxima de mais 15 anos./AFP e REUTERS
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