Líder de grupo mercenário ligado a Putin afirma que Rússia interfere nas eleições dos EUA

Empresário Yevgenu Prigozhin, principal financiador do Grupo Wagner, afirmou nesta segunda-feira que interferiu e vai continuar a interferir na política americana

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Por Redação
Atualização:

MOSCOU ― O empresário russo Yevgeni Prigozhin, líder do grupo mercenário Wagner e conhecido como “chef” de Vladimir Putin, afirmou nesta segunda-feira, 7, que a Rússia interfere e vai continuar a interferir nas eleições dos Estados Unidos. O comentário de Prigozhin, na véspera da votação das midterms nos EUA, é uma das principais confirmações de anos de acusações de ingerência de Moscou nas eleições em Washington.

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“Nós interferimos e continuaremos a fazê-lo. Com precaução, precisão, de forma cirúrgica, de uma maneira que nos é única”, declarou Prigozhin, citado em uma publicação nas redes sociais de sua empresa Concord, em resposta a uma pergunta sobre alegações de interferência russa nas eleições de meio de mandato nos Estados Unidos feita pela agência Bloomberg.

Prigozhin é alvo de sanções dos EUA há anos, acusado de interferir em pleitos americanos, incluindo as presidenciais de 2016, vencidas pelo ex-presidente Donald Trump. Ele é acusado por ter criado uma “fazenda de trolls”, ou seja, perfis falsos nas redes sociais para tentar influenciar os eleitores, abalar a reputação de candidatos ou transmitir informações falsas.

Yevgeni Prigozhin, empresário russo com estreitos laços com o Kremlin, afirmou nesta segunda-feira, 7, que a Rússia interfere nas eleições dos EUA. Foto: Alexander Zemlianichenko/ AP

Esta foi a segunda grande “confissão” do empresário de 61 anos, que por muitos anos procurou manter suas atividades fora do radar, nos últimos meses ― em um indicativo de que estaria mais interessado em ganhar influência política. Em setembro, ele revelou estar por trás da força mercenária do Grupo Wagner – algo que ele também havia negado anteriormente – e falou abertamente sobre seu envolvimento na guerra da Ucrânia. Ele também admitiu ter enviado suas forças paramilitares para lugares como a Síria e a África Subsaariana.

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Em 2018, Prigozhin, uma dezena de outros cidadãos russos e três empresas do país foram acusados nos EUA de operar uma campanha secreta de mídia social destinada a fomentar a discórdia e dividir a opinião pública americana antes da eleição presidencial de 2016, vencida pelo republicano Donald Trump. Eles foram indiciados como parte da investigação do procurador especial Robert Mueller sobre a interferência nas eleições russas.

O Departamento de Justiça dos EUA, em 2020, decidiu rejeitar as acusações contra duas das empresas indiciadas, a Concord Management and Consulting LLC e Concord Catering, dizendo que concluíram que um julgamento contra um réu corporativo sem presença nos EUA provavelmente não teria perspectiva de punição significativa.

Em julho, o Departamento de Estado ofereceu uma recompensa de até US$ 10 milhões (R$ 51,2 milhões pelo câmbio atual) por informações sobre a interferência russa nas eleições dos EUA, inclusive sobre Prigozhin e a Internet Research Agency, a fazenda de trolls em São Petersburgo que suas empresas foram acusadas de financiar.

Prigozhin havia negado envolvimento na interferência eleitoral até agora.

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Quem é Yevgeni Prigozhin?

Ex-proprietário de uma barraca de cachorro-quente, Prigozhin abriu um restaurante chique em São Petersburgo que atraiu o interesse de Putin. Durante seu primeiro mandato, Putin levou o então presidente francês Jacques Chirac para jantar em um dos restaurantes de Prigozhin.

“Vladimir Putin viu como eu construí um negócio a partir de um quiosque, ele viu que eu não me importo de servir aos estimados convidados porque eles eram meus convidados”, lembrou Prigozhin em entrevista publicada em 2011.

Seus negócios se expandiram significativamente. Em 2010, Putin participou da inauguração da fábrica de Prigozhin, que fazia merenda escolar, construída com empréstimos generosos de um banco estatal. Só em Moscou, sua empresa Concord ganhou milhões de dólares em contatos para fornecer refeições em escolas públicas.

Yevgeni Prigozhin serve o presidente Vladimir Putin durante jantar com acadêmicos e jornalistas em Moscou, em 2011. Foto: Misha Japaridze/ REUTERS - 11/11/2011

Prigozhin também organizou catering (serviço similar ao de buffet) para eventos do Kremlin por vários anos e forneceu serviços de catering e serviços públicos para os militares russos.

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Quando os combates eclodiram no leste da Ucrânia entre os separatistas apoiados pela Rússia e as forças de Kiev, em 2014, Prigozhin disse, por meio de seus porta-vozes, que estava tentando “reunir um grupo (de combatentes) que iria (lá) defender os russos”.

As leis russas proíbem a operação de empreiteiros militares privados, mas a mídia estatal nos últimos meses relatou abertamente o envolvimento do grupo Wagner na Ucrânia.

Na semana passada, a companhia mercenária abriu um centro de negócios em São Petersburgo, que Prigozhin descreveu como uma plataforma para “aumentar as capacidades de defesa” da Rússia. No domingo, ele também anunciou através do serviço de imprensa Concord a criação de centros de treinamento para milícias nas regiões russas de Belgorod e Kursk, que fazem fronteira com a Ucrânia.

“Um morador local, como ninguém, conhece seus territórios, é capaz de lutar contra grupos de sabotagem e reconhecimento e dar o primeiro golpe, se necessário”, disse./ AFP e AP

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