Líder de grupo mercenário ligado a Putin pede fim da guerra na Ucrânia

Empresário Yevgeni Prigozhin pediu o ‘fim da operação militar especial’ e início da ‘batalha final’ em que ‘as forças da Ucrânia serão esmagadas’

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Por Redação
Atualização:

MOSCOU ― O empresário russo Yevgeni Prigozhin, chefe do grupo mercenário Wagner e conhecido como “chef” de Vladimir Putin, afirmou no sábado, 15, que a Rússia deve declarar cumpridos os objetivos da “operação militar especial” na Ucrânia e preparar uma batalha decisiva com o exército ucraniano.

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“Para as autoridades [russas] e a sociedade em geral, é necessário pôr fim à operação militar especial”, escreveu Prigozhin num artigo publicado na rede social Telegram, citado pela agência espanhola EFE.

Prigozhin é visto como um aliado do Presidente russo, Vladimir Putin, mas tem assumido divergências públicas com a liderança das forças armadas russas, incluindo o ministro da Defesa, general Serguei Shoigu, sobre a guerra na Ucrânia.

O empresário russo Yevgeny Prigozhin disse que a Rúsia deve declarar cumpridos os objetivos da 'operação militar especial' na Ucrânia e preparar uma batalha decisiva com o exército ucraniano Foto: Alexander Zemlianichenko / AP Photo

Idealmente, disse Prigozhin na mensagem deste sábado, seria “anunciar que a Rússia alcançou os resultados que pretendia”. “Em teoria, a Rússia já pôs um fim a isto, aniquilando uma grande parte da população masculina ativa da Ucrânia e intimidando outra parte, que fugiu para a Europa”, afirmou.

Prigozhin disse que a Rússia conseguiu tomar o Mar de Azov e uma grande parte do Mar Negro. Também confiscou uma “suculenta parte do território da Ucrânia” e criou um corredor terrestre para a península da Crimeia, anexada por Moscou em 2014.

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As Forças Armadas da Ucrânia serão esmagadas

A Rússia deve “fortificar-se e agarrar-se com unhas e dentes aos territórios que já possui”, e não entrar em qualquer tipo de acordo com a Ucrânia, com o qual só pode lutar, disse Yevgeni Prigozhin. “E se sairmos mal dessa luta, tudo bem. As regiões fortificadas da Rússia não lhes permitirão [aos ucranianos] entrar no território do país”, disse.

O empresário e chefe do Grupo Wagner observou que os ucranianos estão prontos para uma ofensiva e os russos estão prontos para a repelir. “O melhor cenário para a Rússia, para que ela se torne um Estado mais poderoso, é uma ofensiva das Forças Armadas da Ucrânia, o que tornaria impossíveis quaisquer concessões e negociações”, considerou.

Soldado atrás de porta de entrada da sede do Wagner Group, o grupo de mercenários russos ligado a Putin, em São Petersburgo  Foto: Igor Russak/ Reuters - 04/11/2022

“Ou as Forças Armadas da Ucrânia serão esmagadas numa luta, ou a Rússia curará as suas feridas, reconstruirá as suas forças e, mais uma vez, derrotará os seus adversários”, acrescentou.

A invasão russa da Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022, desencadeou uma guerra que mergulhou a Europa na pior crise de segurança desde a 2ª Guerra (1939-1945).

A Ucrânia tem contado com o fornecimento de armas pelos seus aliados ocidentais para combater as tropas russas.

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Os aliados de Kiev também têm imposto sucessivos pacotes de sanções econômicas a Moscou para tentar diminuir a capacidade russa de financiar o esforço de guerra na Ucrânia.

Quem é Yevgeni Prigozhin?

Ex-proprietário de uma barraca de cachorro-quente, Prigozhin abriu um restaurante chique em São Petersburgo que atraiu o interesse de Putin. Durante seu primeiro mandato, Putin levou o então presidente francês Jacques Chirac para jantar em um dos restaurantes de Prigozhin.

“Vladimir Putin viu como eu construí um negócio a partir de um quiosque, ele viu que eu não me importo de servir aos estimados convidados porque eles eram meus convidados”, lembrou Prigozhin em entrevista publicada em 2011.

Seus negócios se expandiram significativamente. Em 2010, Putin participou da inauguração da fábrica de Prigozhin, que fazia merenda escolar, construída com empréstimos generosos de um banco estatal. Só em Moscou, sua empresa Concord ganhou milhões de dólares em contatos para fornecer refeições em escolas públicas.

Yevgeni Prigozhin serve o presidente Vladimir Putin durante jantar com acadêmicos e jornalistas em Moscou, em 2011. Foto: Misha Japaridze/ REUTERS - 11/11/2011

Prigozhin também organizou catering (serviço similar ao de buffet) para eventos do Kremlin por vários anos e forneceu serviços de catering e serviços públicos para os militares russos.

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Quando os combates eclodiram no leste da Ucrânia entre os separatistas apoiados pela Rússia e as forças de Kiev, em 2014, Prigozhin disse, por meio de seus porta-vozes, que estava tentando “reunir um grupo (de combatentes) que iria (lá) defender os russos”.

As leis russas proíbem a operação de empreiteiros militares privados, mas a mídia estatal nos últimos meses relatou abertamente o envolvimento do grupo Wagner na Ucrânia.

Na semana passada, a companhia mercenária abriu um centro de negócios em São Petersburgo, que Prigozhin descreveu como uma plataforma para “aumentar as capacidades de defesa” da Rússia. No domingo, ele também anunciou através do serviço de imprensa Concord a criação de centros de treinamento para milícias nas regiões russas de Belgorod e Kursk, que fazem fronteira com a Ucrânia.

“Um morador local, como ninguém, conhece seus territórios, é capaz de lutar contra grupos de sabotagem e reconhecimento e dar o primeiro golpe, se necessário”, disse./ AFP e AP

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