WASHINGTON - O ex-presidente americano Donald Trump não testemunhará no seu julgamento de impeachment no Senado na próxima semana, disse seu porta-voz em um comunicado nesta quinta-feira. “O presidente não testemunhará em um processo inconstitucional”, afirmou Jason Miller.
O comunicado foi divulgado depois que o gerente do processo de impeachment, o deputado democrata Jamie Raskin, pediu oficialmente, em uma carta, nesta quinta-feira, 4, que o repubicano testemunhe sob juramento sobre seu envolvimento nos eventos que levaram ao motim e invasão do Capitólio em 6 de janeiro. Trump é acusado de instigar a insurreição.
“Sua carta apenas confirma o que é conhecido de todos: você não pode provar suas alegações contra o 45º Presidente dos Estados Unidos, que agora é um cidadão comum”, disseram os advogados de Trump Bruce L. Castor Jr. e David Schoen em uma carta-resposta enviada a Raskin.
O pedido de Raskin foi feito dois dias depois que a equipe jurídica do ex-presidente entrou com os papéis no Senado contestando muitas das alegações apresentadas pelos "promotores" do processo que agora está no Senado e já foi aprovado pela Câmara dos Deputados.
Raskin convidou Trump a testemunhar antes ou durante seu julgamento de impeachment, que está programado para começar no Senado na terça-feira, 9 – com a recomendação de que ele o faça entre segunda-feira, 8, e quinta-feira, 11.
O deputado democrata havia dito que se Trump não concordasse com o testemunho, os líderes usariam sua recusa contra ele no julgamento. “Se você recusar este convite, nos reservamos todos e quaisquer direitos, incluindo o direito de estabelecer no julgamento que sua recusa em testemunhar apoia uma forte inferência adversa sobre suas ações (e inação) em 6 de janeiro de 2021”, advertiu Raskin em sua carta.
Na carta, Raskin apontou que os ex-presidentes Gerald Ford e Bill Clinton testemunharam perante o Congresso enquanto estavam no cargo, portanto, não havia dúvida, segundo ele, de que o republicano poderia testemunhar nesse processo.
Raskin também apontou que, uma vez que Trump não está mais no cargo e a Suprema Corte já decidiu que o presidente não está imune a procedimentos legais por decisões que tomou durante seu mandato, ele não tinha desculpa para recusar.
O convite era opcional e, embora o Senado pudesse votar para intimar o testemunho do republicano, fazê-lo implicaria em questões legais e políticas espinhosas. Trump nunca se esquivou de se defender, mas, de acordo com o New York Times, seus advogados estavam inclinados a não permitir o registro do testemunho em um caso que eles acreditam já estar encaminhado para absolvição./W. Post e NYT
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